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Análise
Rússia aposta em ordem pós-Iraque
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os russos jogam com a
expectativa de derrota dos
EUA no Iraque e uma redistribuição de poder no
mundo. Putin quer viver
isso plenamente. Deixa a
Presidência em 2008, fica
como eminência parda e
volta com toda carga em
2012. Algumas cartas já foram jogadas, segundo
Moscou. Não vencer no
Iraque coloca em xeque o
predomínio, a salvo de
qualquer desafio, do aparato militar dos EUA. Vai
ladeira abaixo o projeto de
construção de um "novo
século americano".
Com seus foguetes e antifoguetes, bombardeiros
de longo alcance em incursões em profundidade no
Pacífico e no Atlântico,
mini-submarinos de alta
tecnologia plantando a
bandeira russa no Ártico,
superbombas e uma política externa "afirmativa",
Moscou já estaria manobrando para ocupar lugares nos bancos da frente de
uma ordem pós-Iraque.
Moscou bate de frente
com a decisão de Bush de
instalar antifoguetes em
países da Europa do Leste.
Anuncia que uma frota
com sua bandeira pode ir
para o Mediterrâneo com
intenções de presença
permanente. Desde o fim
da segunda guerra, a Sexta
Frota dos EUA navega absoluta no Mediterrâneo.
Navios de guerra de Moscou poderiam usar bases
na Síria, com riscos de inserção de Israel nos conflitos potenciais de uma ordem pós-Iraque.
Aviões israelenses executaram ações contra alvos não identificados em
áreas desérticas da Síria.
Há especulações sobre um
programa nuclear sírio
com apoio norte-coreano.
Há tensões em alta na configuração de um pós-Iraque. Barcos russos no Mediterrâneo circulariam
numa geografia explosiva.
Olhos também na Ásia,
nesse esforço de Moscou
por dar tonalidades mais
fortes ao "perfil estratégico" da Rússia. Mostrou-o a
última reunião do Fórum
de Cooperação de Xangai,
grupo de seis países com
russos e chineses à frente.
Especialistas dizem que
a China e o restante (países da Ásia Central) estão
interessados sobretudo
em cooperação e não confronto. O Fórum, no entanto, entrou por caminhos que cruzam com a
Otan, manifestando o desejo de estabelecer "relações íntimas" com o Afeganistão. Vinte anos depois de derrotada em seu
esforço militar para salvar
o regime comunista afegão, a Rússia tenta voltar
ao país, em operação à
margem do Ocidente.
O jornalista NEWTON CARLOS é analista de questões internacionais
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