São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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IMPASSE

Moscou se opõe a termo na resolução da ONU que permite ação militar caso Bagdá não coopere com inspetores de armas

Rússia rejeita proposta dos EUA sobre Iraque

DA REDAÇÃO

A Rússia rejeitou ontem os termos de uma proposta revisada dos EUA de resolução contra o Iraque apresentada nesta semana para a aprovação do Conselho de Segurança (CS) da ONU. A França disse que "muito trabalho ainda precisa ser feito" até que um acordo possa ser alcançado.
Moscou -um dos cinco membros com direito a veto no CS, ao lado dos EUA, do Reino Unido, da França e da China- se opõe à posição de Washington, que busca a inclusão no documento de um parágrafo que permitiria uma ação militar caso Bagdá não colaborasse com as inspeções de suas armas de destruição em massa.
"O projeto de resolução dos EUA (...) não atende aos critérios apresentados anteriormente pela delegação russa", disse o chanceler da Rússia, Igor Ivanov.
Rússia, China e França defendem a volta dos inspetores de armas da ONU ao Iraque antes de adotar uma resolução que poderia abrir caminho a uma guerra para derrubar o ditador Saddam Hussein.
Em busca de apoio, o governo de George W. Bush apresentou um projeto de resolução que teria um tom mais moderado que aquele formulado no mês passado, que previa o uso de "todos os meios necessários" para obrigar Saddam a se desarmar.
O novo texto substituiria aquela formulação por um parágrafo dizendo que o Iraque sofreria "consequências graves" se não cooperasse com a resolução do CS.
A reação russa seria um sinal de que as mudanças sugeridas pelos EUA são apenas simbólicas. Segundo trechos da proposta obtidos pela agência Reuters, a resolução em discussão mantém pontos do documento sugerido antes por americanos e britânicos.
Saddam teria 30 dias para entregar uma lista de seus armamentos. Bagdá deveria ainda permitir que os inspetores visitem qualquer lugar. Se o regime iraquiano dificultar os trabalhos, os inspetores devem relatar os fatos ao CS, que definiria as consequências para o Iraque.
Os EUA disseram que começam a perder a paciência com as discussões sobre o Iraque no CS. "Continuaremos a trabalhar na ONU", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. "Estamos chegando ao fim. A ONU não tem todo o tempo do mundo."
Bush declarou que a ONU "não pode se contentar em ser a Liga das Nações, um organismo puramente de debates". "Se a ONU não adotar uma resolução", ameaçou, "vamos liderar uma coalizão para desarmar Saddam Hussein em nome da paz".
O vice-premiê iraquiano, Tareq Aziz, afirmou em entrevista ao jornal "The New York Times" que os americanos desejam atacar o Iraque por causa "do petróleo e de Israel". Segundo ele, a prova disso é o fato de Washington adotar dois pesos e duas medidas com relação ao governo de Saddam e o regime da Coréia do Norte.
"A Coréia do Norte admitiu ter um programa nuclear secreto", disse Aziz. "Mas os EUA não exigem que ela seja inspecionada da forma como pedem para que sejam feitas inspeções no Iraque."


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