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IMPASSE
Moscou se opõe a termo na resolução da ONU que permite ação militar caso Bagdá não coopere com inspetores de armas
Rússia rejeita proposta dos EUA sobre Iraque
DA REDAÇÃO
A Rússia rejeitou ontem os termos de uma proposta revisada
dos EUA de resolução contra o
Iraque apresentada nesta semana
para a aprovação do Conselho de
Segurança (CS) da ONU. A França disse que "muito trabalho ainda precisa ser feito" até que um
acordo possa ser alcançado.
Moscou -um dos cinco membros com direito a veto no CS, ao
lado dos EUA, do Reino Unido,
da França e da China- se opõe à
posição de Washington, que busca a inclusão no documento de
um parágrafo que permitiria uma
ação militar caso Bagdá não colaborasse com as inspeções de suas
armas de destruição em massa.
"O projeto de resolução dos
EUA (...) não atende aos critérios
apresentados anteriormente pela
delegação russa", disse o chanceler da Rússia, Igor Ivanov.
Rússia, China e França defendem a volta dos inspetores de armas da ONU ao Iraque antes de
adotar uma resolução que poderia abrir caminho a uma guerra
para derrubar o ditador Saddam
Hussein.
Em busca de apoio, o governo
de George W. Bush apresentou
um projeto de resolução que teria
um tom mais moderado que
aquele formulado no mês passado, que previa o uso de "todos os
meios necessários" para obrigar
Saddam a se desarmar.
O novo texto substituiria aquela
formulação por um parágrafo dizendo que o Iraque sofreria "consequências graves" se não cooperasse com a resolução do CS.
A reação russa seria um sinal de
que as mudanças sugeridas pelos
EUA são apenas simbólicas. Segundo trechos da proposta obtidos pela agência Reuters, a resolução em discussão mantém pontos
do documento sugerido antes por
americanos e britânicos.
Saddam teria 30 dias para entregar uma lista de seus armamentos. Bagdá deveria ainda permitir
que os inspetores visitem qualquer lugar. Se o regime iraquiano
dificultar os trabalhos, os inspetores devem relatar os fatos ao CS,
que definiria as consequências
para o Iraque.
Os EUA disseram que começam
a perder a paciência com as discussões sobre o Iraque no CS.
"Continuaremos a trabalhar na
ONU", disse o porta-voz da Casa
Branca, Ari Fleischer. "Estamos
chegando ao fim. A ONU não tem
todo o tempo do mundo."
Bush declarou que a ONU "não
pode se contentar em ser a Liga
das Nações, um organismo puramente de debates". "Se a ONU
não adotar uma resolução",
ameaçou, "vamos liderar uma
coalizão para desarmar Saddam
Hussein em nome da paz".
O vice-premiê iraquiano, Tareq
Aziz, afirmou em entrevista ao
jornal "The New York Times" que
os americanos desejam atacar o
Iraque por causa "do petróleo e de
Israel". Segundo ele, a prova disso
é o fato de Washington adotar
dois pesos e duas medidas com
relação ao governo de Saddam e o
regime da Coréia do Norte.
"A Coréia do Norte admitiu ter
um programa nuclear secreto",
disse Aziz. "Mas os EUA não exigem que ela seja inspecionada da
forma como pedem para que sejam feitas inspeções no Iraque."
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