São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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IRAQUE

TV divulga vídeo no qual Margaret Hassan chora e implora a Tony Blair que deixe o país e não envie militares a Bagdá

Seqüestrada pede retirada de britânicos

DA REDAÇÃO

Os seqüestradores de Margaret Hassan divulgaram ontem um vídeo no qual a diretora das operações da Care International no Iraque pede, aos prantos, que os britânicos saiam do Iraque e não enviem soldados a Bagdá.
"Por favor, povo britânico, peça a Blair que retire as tropas do Iraque e não as traga a Bagdá", disse ela, chorando, no vídeo mostrado na rede de TV árabe Al Jazira. "É por isso que pessoas como Bigley e eu estamos sendo capturadas. Talvez eu morra como Bigley."
Hassan foi seqüestrada na terça em Bagdá, na mesma semana em que o premiê britânico, Tony Blair, concordou em enviar soldados a área próxima de Bagdá, conforme pedido dos EUA. A decisão foi criticada até por membros do governo britânico.
"Por favor, ajudem-me. Por favor, ajudem-me", pediu Hassan no vídeo. "Essas podem ser minhas últimas horas."
O modo de agir dos captores de Hassan assemelha-se ao usado no caso de Kenneth Bigley. Ele foi decapitado há duas semanas por seqüestradores que haviam distribuído vídeos nos quais ele implorava a Blair que cumprisse as exigências de seus captores.
O vídeo prejudicou Blair ao relembrar a população da decisão impopular do premiê de apoiar os EUA na invasão do Iraque.
O chanceler britânico, Jack Straw, caracterizou o vídeo de ontem como "perturbador".
"Tenho enorme compaixão pelo sofrimento de sua família", disse. "Hassan trabalhou pelo povo iraquiano por mais de 30 anos. Espero que todos os iraquianos juntem-se a nós em um apelo por sua libertação imediata."
Mas, na declaração, Straw não fez nenhuma referência a medidas que Londres vá tomar para ajudar na sua libertação.
O premiê interino iraquiano, Ayad Allawi, chamou o seqüestro de "tragédia", mas afirmou que não irá negociar com terroristas.
O premiê irlandês, Bertie Ahern, disse: "Tirar Margaret de sua família é um ato cruel e chocante. Feri-la seria impensável."
No caso de Bigley, o Reino Unido afirmou que não negociaria com seus seqüestradores.
A Al Jazira não declarou como obteve o vídeo, nem identificou o grupo em poder de Hassan.
Margaret Fitzsimons nasceu na Irlanda e tem ainda as nacionalidades britânica e iraquiana. Ela adotou o nome Hassan após se casar com um iraquiano.
A Care International, uma das maiores agências humanitárias do mundo, anunciou após o seqüestro que paralisaria temporariamente as atividades no Iraque.

Eleição
Pesquisa do Instituto Internacional Republicano divulgada ontem pelo jornal "The Washington Post" revelou que líderes religiosos estão entre os mais apoiados pela população do Iraque para as eleições de janeiro no país.
Segundo o "Post", mais de 51% dos entrevistados querem Abdel Aziz Hakim, líder do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, na Assembléia Nacional que escolherá o novo governo. O premiê interino Iyad Allawi, apoiado pelos EUA, obteve 47% de endosso. O clérigo xiita Moqtada al Sadr, um dos principais líderes da resistência iraquiana à presença de forças estrangeiras no país, teve 46%.

Saddam
A ONU declarou ontem que não irá fornecer treinamento aos juízes encarregados de julgar o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, conforme haviam pedido líderes iraquianos, em parte porque o país tem a pena de morte.


Com agências internacionais


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