São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MISSÃO NO CARIBE

Força de paz deve dobrar até novembro

Haitiano espancado passa bem; ONU considera o caso superado

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

O policial haitiano Jean Macion continuava internado ontem num hospital de Porto Príncipe, dois dias depois de ter se envolvido num incidente no qual acusa soldados brasileiros de o terem espancado. A Minustah (Missão da ONU de Estabilização no Haiti) e a Polícia Nacional Haitiana abriram investigações sobre o caso, mas consideram o assunto como superado.
Em entrevista à Folha, ontem, o médico que atendeu Macion, Hans Larsen, disse que ele está bem, mas deve ficar no hospital Canapé Vert até segunda-feira. Segundo Larsen, ele apresenta ferimentos na mão esquerda, no joelho direito e nas costas.
Larsen disse que o ferimento mais grave foi na cabeça, onde sofreu uma pancada. "Temos de observar para ver se não haverá seqüelas."
Muciel disse que estava dirigindo seu carro na região central de Porto Príncipe, na quarta-feira à tarde, quando foi parado por soldados brasileiros num ponto de bloqueio. Ele afirma que, apesar de ter se identificado como policial, foi retirado do carro e espancado.
A missão brasileira nega o espancamento e diz que Muciel tentou furar o ponto de bloqueio, não se identificou inicialmente como policial e se negou a sair do carro, do qual foi retirado com "força moderada".
O chefe da polícia haitiana, Léon Charles, disse que o incidente foi uma "infelicidade", que não afetará as relações com a missão militar brasileira, composta por 1.200 homens e responsável pela região de Porto Príncipe. "Precisamos dos brasileiros."
"Estamos fazendo uma investigação para entender o que aconteceu", disse Charles, que visitou Macion no hospital.
A Minustah também abriu um inquérito para apurar o caso. Segundo o porta-voz da missão, Damian Onses-Cardona, a investigação será encabeçada pelo general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira, comandante das tropas de paz da ONU.
O Itamaraty informou que, com base nas informações recebidas pela Minustah, considera o incidente superado.
Ontem, em Paris, o chanceler Celso Amorim voltou a defender a participação brasileira na missão da ONU: "A paz tem um preço. A paz não é de graça e, se você se omite na defesa da paz, vai pagar um preço também, nem que seja perdendo influência nos assuntos internacionais. Às vezes sinto no Brasil um sentimento de isolacionismo. Mas ninguém existe fora do mundo", disse, em entrevista.

Reforço a caminho
O chefe diplomático da Minustah, o embaixador chileno Juan Gabriel Valdés, disse ontem que até o final de novembro haverá 6.200 militares sob a bandeira da ONU, contra os cerca de 3.000 atuais. O Brasil tem reclamado da demora no envio da força total.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Análise: Bush quer ser o libertador do Oriente Médio
Próximo Texto: Panorâmica - Argentina: Justiça reabre processo contra Carlos Menem por contrabando de armas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.