|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MISSÃO NO CARIBE
Força de paz deve dobrar até novembro
Haitiano espancado passa bem; ONU considera o caso superado
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
O policial haitiano Jean Macion
continuava internado ontem
num hospital de Porto Príncipe,
dois dias depois de ter se envolvido num incidente no qual acusa
soldados brasileiros de o terem
espancado. A Minustah (Missão
da ONU de Estabilização no Haiti) e a Polícia Nacional Haitiana
abriram investigações sobre o caso, mas consideram o assunto como superado.
Em entrevista à Folha, ontem, o
médico que atendeu Macion,
Hans Larsen, disse que ele está
bem, mas deve ficar no hospital
Canapé Vert até segunda-feira.
Segundo Larsen, ele apresenta ferimentos na mão esquerda, no
joelho direito e nas costas.
Larsen disse que o ferimento
mais grave foi na cabeça, onde sofreu uma pancada. "Temos de observar para ver se não haverá seqüelas."
Muciel disse que estava dirigindo seu carro na região central de
Porto Príncipe, na quarta-feira à
tarde, quando foi parado por soldados brasileiros num ponto de
bloqueio. Ele afirma que, apesar
de ter se identificado como policial, foi retirado do carro e espancado.
A missão brasileira nega o espancamento e diz que Muciel tentou furar o ponto de bloqueio,
não se identificou inicialmente
como policial e se negou a sair do
carro, do qual foi retirado com
"força moderada".
O chefe da polícia haitiana,
Léon Charles, disse que o incidente foi uma "infelicidade", que não
afetará as relações com a missão
militar brasileira, composta por
1.200 homens e responsável pela
região de Porto Príncipe. "Precisamos dos brasileiros."
"Estamos fazendo uma investigação para entender o que aconteceu", disse Charles, que visitou
Macion no hospital.
A Minustah também abriu um
inquérito para apurar o caso. Segundo o porta-voz da missão, Damian Onses-Cardona, a investigação será encabeçada pelo general
brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira, comandante das tropas de paz da ONU.
O Itamaraty informou que, com
base nas informações recebidas
pela Minustah, considera o incidente superado.
Ontem, em Paris, o chanceler
Celso Amorim voltou a defender
a participação brasileira na missão da ONU: "A paz tem um preço. A paz não é de graça e, se você
se omite na defesa da paz, vai pagar um preço também, nem que
seja perdendo influência nos assuntos internacionais. Às vezes
sinto no Brasil um sentimento de
isolacionismo. Mas ninguém
existe fora do mundo", disse, em
entrevista.
Reforço a caminho
O chefe diplomático da Minustah, o embaixador chileno Juan
Gabriel Valdés, disse ontem que
até o final de novembro haverá
6.200 militares sob a bandeira da
ONU, contra os cerca de 3.000
atuais. O Brasil tem reclamado da
demora no envio da força total.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Análise: Bush quer ser o libertador do Oriente Médio Próximo Texto: Panorâmica - Argentina: Justiça reabre processo contra Carlos Menem por contrabando de armas Índice
|