São Paulo, sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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Pesquisas indicam 2º turno no Uruguai

Governista José Mujica tem entre 45% e 46% das intenções de voto; governo teme polarização contra candidato conservador

Ex-presidente Luis Alberto Lacalle tem entre 27% e 30% nos últimos levantamentos divulgados antes da eleição presidencial de domingo


Ariel Colmegna/Diário "El País"
Cabos eleitorais de candidatos à Presidência fazem campanha em Montevidéu às vésperas de pleito

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU

As últimas pesquisas anteriores à eleição presidencial uruguaia de domingo indicam que é grande a probabilidade de que o candidato governista José Mujica não consiga superar a barreira dos 50% e tenha de disputar um segundo turno com o opositor Luis Alberto Lacalle.
Para o socialista Mujica, candidato pela Frente Ampla, do presidente Tabaré Vázquez, e líder nas pesquisas, o segundo turno soa como uma derrota. Mujica tem entre 45% e 46% das intenções de voto.
A estratégia da Frente Ampla apostava que seria mais fácil Mujica obter uma vitória no primeiro turno, para a qual se exige 50% mais um dos votos emitidos (incluindo brancos e nulos), do que derrotar Lacalle (Partido Nacional), o segundo colocado -com entre 27% e 30% das preferências-, num cenário de polarização entre esquerda e direita.
Um fator determinante será a escolha dos eleitores ainda indecisos, que variam de 6% a 9% dos uruguaios, a depender da pesquisa.
No último comício de Mujica em Montevidéu, anteontem, o candidato governista deu a eleição como assegurada. Porém, em entrevista um dia antes ao semanário uruguaio "Búsqueda", publicada ontem, ele afirmou que, "se houver segundo turno, a coisa vai ser linda. Será divertido". A expectativa da "diversão" vem do fato de que "o povo já me conhece e também a Lacalle", diz. O candidato do Partido Nacional presidiu o Uruguai entre 1990 e 1995. Mujica, ex-guerrilheiro, é senador e foi ministro no governo Vázquez.
Lacalle recebeu as pesquisas como "uma grande notícia" e uma evidência de que "os uruguaios vão levar mais um mês para escolher seu presidente". O eventual segundo turno está previsto para 29 de novembro.
A disputa tem ainda Pedro Bordaberry, pelo Partido Colorado, que tem entre 13% e 14% das intenções de voto, e os nanicos Pablo Mieres (Partido Independiente) e Raúl Rodríguez (Asamblea Popular).
A Frente Ampla chegou ao poder pela primeira vez em 2005, com Vázquez, que venceu no primeiro turno e acabou com a hegemonia histórica dos partidos Nacional e Colorado. Vázquez tem perfil considerado "moderado" entre a esquerda uruguaia e defendia a candidatura de seu ex-ministro da Economia Danilo Astori -que acabou como vice de Mujica.
Numa disputa entre um candidato conservador e Mujica, a tendência é o acirramento das diferenças, formuladas no editorial de ontem "Por que não Mujica", do jornal "El País", um dos maiores do Uruguai: "O senador Mujica manifestou em inúmeras ocasiões sua proximidade dos governos de [Hugo] Chávez (Venezuela) e do casal Kirchner (Argentina), exemplos de como afundar as sociedades na confrontação e no atraso".
Ao semanário "Búsqueda" Mujica afirmou ter uma "imensa simpatia" por Chávez, mas disse que seu "modelo é Lula, porque tem como método instalar no centro a negociação política permanente".
Além do presidente, os uruguaios também elegem o novo Congresso. As pesquisas indicam que a Frente Ampla deve manter a maioria.


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