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Condenação de ex-ditador aquece debate sobre lei de anistia
DA ENVIADA A MONTEVIDÉU
A Justiça uruguaia condenou
ontem o ex-ditador Gregorio
Álvarez a 25 anos de prisão, pena máxima pedida na causa
movida contra ele, por crimes
cometidos durante a ditadura
militar (1973-1985).
Álvarez é acusado de crimes
contra a humanidade pelo homicídio "especialmente qualificado" de 37 rivais políticos. O
ditador foi comandante em
chefe do Exército entre 1977 e
1979 e presidente do Uruguai
de 1981 até o fim da ditadura.
Também foi anunciada ontem a condenação, a 20 anos de
prisão, do ex-oficial da Marinha
Juan Carlos Larcebeau, responsabilizado pela morte de 29
detidos pela ditadura.
A divulgação das sentenças
aquece o debate sobre o plebiscito a respeito da lei de anistia,
que será realizado no domingo,
concomitantemente às eleições presidenciais.
Promulgada em 1987, a lei estabelece a prescrição da pretensão do Estado de punir os
militares acusados de crimes
contra a cidadania durante a ditadura. A lei foi endossada por
um referendo em 1989.
Organizações de defesa dos
direitos humanos que reivindicam a suspensão da lei reuniram as assinaturas necessárias
para a realização de um novo
plebiscito. A proposta é uma
das bandeiras da Frente Ampla,
do candidato José Mujica, que
se reuniu ontem com cinco filhos de desaparecidos políticos
durante a ditadura, num gesto
de apoio ao "sim" no plebiscito.
O argumento para anular a
lei sustenta que ela é inconstitucional, por estabelecer a submissão do Poder Judiciário ao
Executivo. O artigo 4º da lei
prevê que, em casos de denúncias de crimes contra militares,
o Judiciário deve consultar o
Executivo para saber se as acusações se inscrevem ou não no
arcabouço da lei.
Opositores do fim da lei, no
entanto, argumentam que sua
"anulação", como pedem os autores da proposta de plebiscito,
seria uma aberração jurídica, já
que a figura correta para esses
casos é a revogação. Anular
uma lei, dizem os partidários
do "não", implica dizer que ela
jamais existiu, o que exigiria
uma reforma na Constituição.
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