São Paulo, sexta, 23 de outubro de 1998

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Governo britânico critica apoio de Thatcher à libertação de Pinochet

de Londres

O governo britânico acusou a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, que saiu publicamente em defesa da libertação de Augusto Pinochet, 82, de tentar politizar um assunto que é essencialmente jurídico.
Em carta publicada ontem pelo jornal "The Times", Thatcher afirmou que "deve-se permitir a volta imediata de Pinochet a seu país". Um porta-voz do primeiro-ministro Tony Blair, trabalhista, rebateu as acusações da "dama de ferro", que encabeçou governo conservador, afirmando que Thatcher pretende "politizar o caso Pinochet".
O chanceler Robin Cook, reiterando posição defendida por Blair, disse que seria um equívoco tentar intervir em assuntos legais sob pressões política e diplomática.
"Tenho certeza de que Thatcher, ao refletir sobre o assunto, vai concluir que é muito positivo o fato de o Reino Unido ter um sistema judicial independente, que não sofre intervenções políticas", disse.
A ex-primeira-ministra denunciou também o que classificou de uma "incoerência". Segundo ela, ao mesmo tempo em que mantém detido um aliado (o Chile, sob o governo Pinochet, foi o único país latino-americano a apoiar o Reino Unido na Guerra das Malvinas, que o opôs à Argentina), recebe o líder de um país que atacou seu território, justamente o presidente argentino, Carlos Menem. Na próxima semana, Menem realiza a primeira visita oficial de um chefe de Estado argentino ao país desde o conflito das Malvinas, em 82.
As entidades de defesa dos direitos humanos consideraram as palavras da ex-primeira-ministra britânica um desrespeito e um ataque aos princípios democráticos.



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