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FOME
ONGs querem tropas para proteger ajuda
Elas exortam países europeus a garantir chegada de comboios à população afegã necessitada
MARCELO STAROBINAS
DE LONDRES
Organizações internacionais de
ajuda humanitária estão pressionando o Reino Unido e outros
países europeus para que enviem
o quanto antes tropas ao Afeganistão para proteger os comboios
com alimentos, roupas e medicamentos para população.
Elas aguardam a entrada de
uma "força de segurança autorizada pela ONU" para poderem
distribuir ajuda a regiões que devem ficar isoladas do mundo pela
neve logo. A chegada dessas tropas, porém, não deve ocorrer antes do término da reunião entre as
principais lideranças políticas afegãs, marcada para a próxima semana, em Bonn (Alemanha).
A própria ONU já se preocupa
com a situação. O esforço internacional para alimentar os afegãos
está ameaçado por causa da falta
de segurança existente nas áreas
tomadas pelas forças anti-Taleban, segundo um funcionário.
Ontem, os britânicos se tornaram os primeiros a abrir oficialmente uma representação diplomática em Cabul. O enviado do
Reino Unido ao Afeganistão, Stephen Evans, disse que um de seus
principais objetivos é aumentar o
fluxo de ajuda humanitária. Comentou também que seu governo
pretende abrir no local um escritório do Ministério da Cooperação e Desenvolvimento Internacional, cujos integrantes ajudariam na reconstrução do país.
Na semana passada, o Reino
Unido esteve no centro de controvérsias com a Aliança do Norte e
com os EUA após enviar cem soldados para garantir a segurança
da base aérea de Bagram (perto de
Cabul). Eles teriam também a
missão de estudar a possibilidade
de envio de até 6.000 soldados britânicos que ajudariam a "estabilizar" o Afeganistão e a abrir um
"corredor humanitário" para a
passagem segura dos comboios
com ajuda à população.
O Programa Mundial de Alimentação (PMA) da ONU anunciou na semana passada que havia
conseguido levar à região a quantidade de comida estimada necessária para alimentar os cerca de 7
milhões afetados pela fome que
assola o país. Mas, segundo uma
porta-voz disse ao diário "The
Guardian", e ajuda não está chegando a cerca de 3 milhões.
Sem escolta militar, as organizações não-governamentais
(ONGs) enfrentam dificuldades
para levar essa ajuda às diferentes
regiões. "Chefes guerrilheiros e
bandidos estão impedindo a comida de chegar aos distritos onde
há mais necessidade", disse a Oxfam, entidade britânica de ajuda
internacional.
Na quarta-feira, um porta-voz
da ONU revelou que muitos de
seus escritórios no país haviam sido saqueados nos últimos dias.
Um comboio carregando 185 toneladas de comida do PMA foi sequestrado na estrada a caminho
de Herat (noroeste).
Franceses e italianos também se
mostraram dispostos a participar
de uma missão inicial para garantir a chegada da comida aos afegãos. O atraso se deve em grande
parte à oposição americana.
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