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MISS MUNDO
"Estamos muito assustadas e passamos o dia trancadas no quarto do hotel", conta a catarinense Taiza Thomsen
Candidata brasileira relata drama na Nigéria
VIVIAN WHITEMAN
DO "AGORA"
A Taiza Thomsen, 20, a representante brasileira no Miss Mundo, contou o drama vivido pelas
candidatas nos últimos dias na
Nigéria, país anfitrião do concurso, que gerou violentos protestos
de muçulmanos. "Estamos muito
assustadas e passamos o dia todo
trancadas no quarto do hotel [em
Abuja, a capital do país]. Não temos permissão nem mesmo para
ir ao saguão. Muitas meninas
ameaçaram desistir e ir embora",
disse a catarinense.
Taiza contou que as informações sobre os conflitos começaram a chegar anteontem, sempre
por meio dos organizadores do
concurso.
"Soubemos que havia muitos
mortos, e disseram que era por
causa do concurso, que os muçulmanos não nos queriam aqui. Ficamos com medo de sermos atacadas, espancadas", disse.
A candidata afirmou ainda que,
ontem, o presidente da Nigéria,
Olusegun Obasanjo, enviou um
comunicado garantindo 100% de
segurança às garotas. "Eu pretendo continuar e expressar minha
opinião sobre isso, porque acho
que o concurso foi só um pretexto. A guerra religiosa existe há
tempos", disse.
As viagens programadas para
os próximos dias foram canceladas. "Soubemos que, se a situação
não se acalmar, o concurso poderá ser transferido para Londres",
disse Taiza.
Boatos
Sem notícias, Taiza passou a
manhã de ontem imaginando que
20 das suas colegas haviam sido
mortas devido aos conflitos.
A mãe de Taiza, Ângela Thomsen, tentou, desde as primeiras
horas da manhã, falar com sua filha. O telefone do hotel, no entanto, estava permanentemente congestionado.
O contato da mãe com Taiza foi
possível apenas às 16h de Brasília,
quase dez horas depois de Ângela
ter começado a telefonar, com um
intervalo de cinco minutos. Foi
então que a candidata brasileira se
tranquilizou, pois soube notícias
às quais não estava tendo acesso.
"É verdade que morreram 20
misses? O que vocês estão sabendo aí fora?", preocupou-se imediatamente em perguntar a brasileira, com a voz trêmula, segundo
relato da sua mãe, que vive no
município catarinense de Joinville com outro filho e o marido,
Antônio -pai da candidata.
Ângela contou à sua filha o que
soube pela TV brasileira. "Fiquei
pasma ao ver que eu tinha mais
informações do que ela própria.
Na verdade, o isolamento delas
causou um clima de pavor. Elas
não sabiam o que ocorria", afirmou Ângela.
"Ela me disse que estava tranquila, até brincou comigo, riu enquanto conversávamos. Acho que
foi até de alívio ao saber que nada
estava ocorrendo com as misses.
Eu fiquei tranquila ao ouvi-la. Por
isso e porque acredito que Deus
esteja protegendo minha menina,
ela é uma menina muito boa",
disse a mãe.
Vencedora de outros concursos
de beleza, Taiza estava tentando
vestibular para jornalismo em
Joinville quando teve seus planos
interrompidos pela conquista do
título de vice-Miss Brasil. Com esse título, ela se credenciou a disputar o de Miss Mundo. A Miss
Brasil, a gaúcha Joseane Oliveira,
concorreu a Miss Universo.
Em sua casa, Taiza é tida como
uma adolescente tímida, segundo
a sua mãe. Na Nigéria, divide o
quarto do hotel com a colega angolana. As duas contam com a
ajuda de uma intérprete para se
comunicar com as outras.
Colaborou Léo Gerchmann, da Agência
Folha, em Porto Alegre
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