DA REDAÇÃO

EUA e Reino Unido estão preparando uma invasão do Iraque por mar, afirmou ontem uma fonte no Ministério da Defesa britânico. Autoridades de Israel também disseram estar se preparando para um conflito em breve.
Segundo a fonte britânica, a invasão do Iraque pelo golfo Pérsico seria o primeiro estágio de uma guerra terrestre. "Discussões sobre futuras operações anfíbias estão em estágio avançado", disse.
A fonte afirmou que a escolha pelo ataque por mar se deve às dificuldades de proteger um Exército terrestre numeroso de ataques químicos e biológicos.
Outras forças terrestres poderiam ser mobilizadas mais tarde, depois que forças anfíbias já tivessem aberto uma frente, disse a fonte britânica.
Autoridades de Israel, por seu lado, disseram que o país intensificou preparações para um possível ataque pelo Iraque se os EUA declararem guerra a Bagdá.
Segundo a imprensa israelense, o país entrará em "alto alerta" a partir de 15 de janeiro, prevendo que as hostilidades comecem no mês que se segue ao dia 27 de janeiro -prazo final para os chefes das inspeções de armas no Iraque apresentarem um relatório ao CS (Conselho de Segurança) da ONU. O Ministério da Defesa de Israel não quis confirmar a data.
Cerca de mil soldados americanos devem ir a Israel nesta semana para exercícios envolvendo dois sistemas antimísseis. O Iraque atirou 39 mísseis Scud em Israel na Guerra do Golfo (1991).
Raanan Gissin, porta-voz do premiê israelense, Ariel Sharon, afirmou que o exercício seria feito "em preparação para qualquer possibilidade de guerra".
A expectativa de que uma guerra seja declarada contra o Iraque em breve cresceu na última semana, depois que os EUA disseram que a declaração de armas de destruição em massa apresentada pelo Iraque no início do mês representava uma "violação material" da resolução 1441 do CS por apresentar omissões e incorreções.
Os EUA estão mobilizando uma força à região do golfo Pérsico que poderá contar com mais de 100 mil soldados em janeiro ou fevereiro. Cerca de 50 mil militares já estão fazendo exercícios no Kuait, e o governo dos EUA autorizou o envio de mais 50 mil.
Além disso, o jornal "The New York Times" afirmou ontem que agentes de inteligência americanos já estão trabalhando com grupos curdos de oposição ao ditador iraquiano, Saddam Hussein, no norte do Iraque e procurando locais remotos na região para serem usados como base militar.

Primeira vítima
Um repórter da TV francesa TF1 morreu de hemorragia interna ontem após sofrer um acidente no sábado enquanto cobria os exercícios militares no Kuait.
Patrick Bourrat, 48, famoso na França por suas coberturas de conflitos no Oriente Médio, na Europa e na Ásia, foi atropelado por um tanque após tirar um cameraman da rota do veículo.

CIA
O Iraque afirmou ontem que estava pronto para responder a qualquer pergunta dos EUA e do Reino Unido sobre sua declaração de armas e que permitiria que a CIA (o serviço secreto americano) fosse ao país e identificasse locais suspeitos para ajudar inspetores de armas da ONU.
"Estamos prontos para lidar com cada uma das perguntas, se vocês pedirem", disse o assessor de Saddam Amir al Saadi. "Não temos nem mesmo nenhuma objeção à CIA enviar alguém para trabalhar com os inspetores para mostrar a eles os locais suspeitos."