São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Ex-ditador reitera que foi espancado e afirma que não é possível acreditar nos americanos quando eles negam

EUA "mentem" sobre tortura, diz Saddam

DA REDAÇÃO

O juiz Raid al Juhi, responsável pela preparação do caso contra Saddam Hussein, disse ontem que não há evidências de que o ex-ditador iraquiano tenha sido espancado sob custódia americana, um dia depois de Saddam ter feito essa acusação no tribunal.
O governo americano negou enfaticamente as agressões. Ontem, Saddam reiterou as denúncias e disse que a resposta americana era uma nova "mentira".
Quando o tribunal deu ao ex-ditador a oportunidade de questionar testemunhas, Saddam, em lugar disso, usou seu tempo para ampliar as acusações feitas anteontem acerca dos supostos maus-tratos que recebeu. Ele disse que os ferimentos que sofreu foram documentados por pelo menos duas equipes americanas.
O julgamento foi suspenso até o dia 24 de janeiro.
Na quarta-feira, Saddam havia dito ao tribunal que ele fora espancado "em todas as partes" de seu corpo e insistiu: "As marcas ainda estão aqui". Ele não mostrou nenhuma marca nem detalhou os supostos espancamentos, mas afirmou que vários ferimentos levaram meses para cicatrizar. Saddam foi capturado em 2003.
Ontem, o ex-ditador disse que não é possível acreditar nos americanos quando dizem que não o espancaram, lembrando que não foram encontradas armas de destruição em massa no Iraque a despeito das acusações dos EUA.
"A Casa Branca mentiu quando disse que o Iraque tinha armas químicas", disse o ex-ditador. "Falei sobre os ferimentos que recebi a três comissões de médicos. Nós não estamos mentindo, a Casa Branca está."
O juiz Al Juhi disse que nem os réus nem os seus advogados jamais haviam reclamado sobre os supostos maus-tratos até então. "Os réus receberam cuidados de saúde completos da parte das autoridades responsáveis pela detenção. Nenhum iraquiano comum recebe esse cuidado."
Saddam e outros sete réus estão sendo julgados pela morte de mais de 140 xiitas depois de uma tentativa de atentado contra o então ditador na cidade de Dujail, ao norte de Bagdá, em 1982.


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