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Hamas dá um dia de trégua por negociação
Medida responde a esforço egípcio; Tzipi Livni viaja ao Cairo nesta quinta
Chanceler israelense lança ofensiva diplomática ante plano de operação terrestre contra Gaza; Abbas visita Rússia em busca de apoio
DA REDAÇÃO
Três dias após se recusar a renovar uma trégua com Israel
sob a alegação de que a contraparte havia violado o acordo, o
grupo palestino Hamas, que
controla a faixa de Gaza, anunciou um cessar-fogo de 24 horas durante o dia de ontem.
A medida é uma resposta aos
esforços de mediação pelo Egito -que havia obtido o acordo
anterior e tenta negociar um
novo- e coincide com uma
ameaça velada de Israel de lançar uma ofensiva terrestre.
Ante o anúncio do Hamas, o
presidente egípcio, Hosni Mubarak, convidou a chanceler israelense, Tzipi Livni, para negociações no Cairo.
O encontro, que tratará de
questões de segurança e da
fronteira com Gaza, cujo fechamento provocou uma crise humanitária no território, ocorrerá na quinta-feira e pode culminar em novo acordo, já que a
reabertura das passagens é a
principal demanda palestina
para renovar a trégua.
Ainda assim, houve disparos
de foguetes contra o território
israelense ontem. Israel, por
sua vez, lançou nova ofensiva
diplomática por apoio para
uma eventual ação militar contra o território há 18 meses dominado pelo Hamas.
O grupo islâmico venceu as
eleições legislativas de 2006,
mas, sem acordo para formar
um governo com o Fatah, do
presidente Mahmoud Abbas, as
duas facções palestinas acabaram rompendo. O Fatah domina a Autoridade Nacional Palestina, único interlocutor reconhecido por Israel e EUA.
A ofensiva diplomática não
deixa de funcionar como uma
mensagem ao Hamas de que,
mantidos os disparos, Israel
agirá. No sábado, foram cerca
de 30 foguetes. Um ataque aéreo israelense matou um militante em Gaza.
"As pessoas no exterior talvez não entendam os prejuízos
reais para os israelenses que vivem no sul do país sob a ameaça
de foguetes", afirmou um porta-voz da Chancelaria israelense, Yigal Palmor. "Aí um dia você acorda e vê Israel reagir e
não sabe de onde isso veio."
Ontem, a chanceler Livni
conversou com seus pares no
Egito, Ahmed Aboul Gheit, e
nos EUA, Condoleezza Rice, a
quem disse que "Israel não pode aceitar que o Hamas continue a atacar seus civis".
O premiê israelense, Ehud
Olmert, aprovou a operação
terrestre na semana passada,
mas não fixou data, diante de
preocupações quanto ao impacto político de prováveis baixas e da eficácia de tal operação
para barrar os disparos de foguetes.
Analistas de Oriente Médio
acreditam que, com eleições no
início do ano de ambos os lados,
interesse mais a renovação da
trégua do que um confronto.
Abbas em Moscou
Também ontem, em visita a
Moscou, Mahmoud Abbas se
reuniu com o presidente russo,
Dmitri Medvedev. Os dois discutiram a cooperação russa para a paz na região.
Com a União Européia, os
EUA e a ONU, Moscou integra
o chamado Quarteto pela paz
no Oriente Médio, cujos esforços têm obtido pouco sucesso.
Mas o Kremlin, diferentemente de seus parceiros, reconhece
o Hamas como interlocutor, o
que pode lhe dar mais voz em
uma futura mediação.
Na semana passada, Moscou
criticou o Hamas por não renovar a trégua. Ontem, a Chancelaria russa afirmou apoiar os
esforços de Abbas para "manter a unidade palestina apesar
das provocações".
Com agências internacionais
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