São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Hamas dá um dia de trégua por negociação

Medida responde a esforço egípcio; Tzipi Livni viaja ao Cairo nesta quinta

Chanceler israelense lança ofensiva diplomática ante plano de operação terrestre contra Gaza; Abbas visita Rússia em busca de apoio


DA REDAÇÃO

Três dias após se recusar a renovar uma trégua com Israel sob a alegação de que a contraparte havia violado o acordo, o grupo palestino Hamas, que controla a faixa de Gaza, anunciou um cessar-fogo de 24 horas durante o dia de ontem.
A medida é uma resposta aos esforços de mediação pelo Egito -que havia obtido o acordo anterior e tenta negociar um novo- e coincide com uma ameaça velada de Israel de lançar uma ofensiva terrestre.
Ante o anúncio do Hamas, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, convidou a chanceler israelense, Tzipi Livni, para negociações no Cairo.
O encontro, que tratará de questões de segurança e da fronteira com Gaza, cujo fechamento provocou uma crise humanitária no território, ocorrerá na quinta-feira e pode culminar em novo acordo, já que a reabertura das passagens é a principal demanda palestina para renovar a trégua.
Ainda assim, houve disparos de foguetes contra o território israelense ontem. Israel, por sua vez, lançou nova ofensiva diplomática por apoio para uma eventual ação militar contra o território há 18 meses dominado pelo Hamas.
O grupo islâmico venceu as eleições legislativas de 2006, mas, sem acordo para formar um governo com o Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, as duas facções palestinas acabaram rompendo. O Fatah domina a Autoridade Nacional Palestina, único interlocutor reconhecido por Israel e EUA.
A ofensiva diplomática não deixa de funcionar como uma mensagem ao Hamas de que, mantidos os disparos, Israel agirá. No sábado, foram cerca de 30 foguetes. Um ataque aéreo israelense matou um militante em Gaza.
"As pessoas no exterior talvez não entendam os prejuízos reais para os israelenses que vivem no sul do país sob a ameaça de foguetes", afirmou um porta-voz da Chancelaria israelense, Yigal Palmor. "Aí um dia você acorda e vê Israel reagir e não sabe de onde isso veio."
Ontem, a chanceler Livni conversou com seus pares no Egito, Ahmed Aboul Gheit, e nos EUA, Condoleezza Rice, a quem disse que "Israel não pode aceitar que o Hamas continue a atacar seus civis".
O premiê israelense, Ehud Olmert, aprovou a operação terrestre na semana passada, mas não fixou data, diante de preocupações quanto ao impacto político de prováveis baixas e da eficácia de tal operação para barrar os disparos de foguetes.
Analistas de Oriente Médio acreditam que, com eleições no início do ano de ambos os lados, interesse mais a renovação da trégua do que um confronto.

Abbas em Moscou
Também ontem, em visita a Moscou, Mahmoud Abbas se reuniu com o presidente russo, Dmitri Medvedev. Os dois discutiram a cooperação russa para a paz na região.
Com a União Européia, os EUA e a ONU, Moscou integra o chamado Quarteto pela paz no Oriente Médio, cujos esforços têm obtido pouco sucesso. Mas o Kremlin, diferentemente de seus parceiros, reconhece o Hamas como interlocutor, o que pode lhe dar mais voz em uma futura mediação.
Na semana passada, Moscou criticou o Hamas por não renovar a trégua. Ontem, a Chancelaria russa afirmou apoiar os esforços de Abbas para "manter a unidade palestina apesar das provocações".


Com agências internacionais


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