São Paulo, Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2000


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TERROR BASCO
Manifestantes protestam em Madri contra a retomada dos atentados pelo grupo separatista
Marcha contra ETA reúne 1,1 milhão

das agências internacionais

Cerca de 1,1 milhão de espanhóis marcharam ontem em Madri em protesto contra a retomada dos ataques terroristas pelo grupo separatista basco ETA.
Liderada pelo primeiro-ministro José María Aznar, a marcha percorreu as ruas centrais de Madri dois dias depois que dois carros-bombas explodiram na capital espanhola, matando um oficial do Exército e deixando uma menina de 14 anos ferida.
Ao lado de Aznar estavam inclusive inimigos políticos, como o ex-primeiro-ministro socialista Felipe González (1982-1996).
O papa João Paulo 2º também condenou o atentado em declaração dada diante de milhares de fiéis reunidos na praça de São Pedro, no Vaticano.
A manifestação de ontem é o ápice de uma série de protestos que ocorreram desde sexta-feira por toda a Espanha, inclusive em cidades do País Basco.
O ataque -o primeiro cometido pelo ETA desde que decretou, no mês passado, o fim de um cessar-fogo que já durava 14 meses- aconteceu no momento em que se desenrola a campanha para as eleições gerais da Espanha, marcadas para 12 de março.
Aznar manteve a promessa de não retroceder na luta contra o terrorismo.
Analistas políticos avaliam que, se a intenção do ETA era minar as chances eleitorais do atual premiê por meio da retomada dos atentados, é mais provável, porém, que os ataques surtam efeito contrário e acabem por unir os espanhóis em torno do governo de centro-direita de Aznar, do Partido Popular.
Pesquisa feita logo após o atentado mostrou que metade dos espanhóis é favorável à reabertura das negociações de paz, que o ETA rompeu em agosto passado.
A manifestação de ontem foi a maior ocorrida desde 1998, quando 6 milhões de pessoas em toda a Espanha protestaram contra o assassinato pelo ETA de um vereador da região basca.
O atentado da última sexta acabou com a esperança de que o ETA pudesse reconsiderar sua ameaça de retomar sua campanha terrorista, que causou quase 800 mortes em três décadas.
Num sinal do crescente isolamento do ETA, o governo basco suspendeu sua aliança com o braço político do grupo, a coalizão Euskal Herritarrok (EH). O presidente basco, Juan Jose Ibarretxe, um nacionalista moderado, disse que o EH deve condenar os atentados de ontem antes de retornar ao governo do País Basco.
O ETA e o EH lutam pela criação de um Estado independente basco no norte da Espanha e no sudoeste da França.


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