São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2002

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VENEZUELA

Cerca de 200 mil pessoas saem às ruas de Caracas em manifestações de apoio e de protesto contra o presidente

Chávez e oposição medem força em Caracas

France Presse
Manifestantes seguram cartazes contra Chávez durante passeata da oposição


DA REDAÇÃO

Milhares de partidários e opositores do presidente Hugo Chávez realizaram ontem, em Caracas, dois grandes atos públicos para medir forças. As manifestações, no 44º aniversário do movimento que derrubou o último ditador venezuelano, em 23 de março de 1958, reuniram cerca de 100 mil pessoas cada uma, segundo as agências internacionais, e ocorreram sem violência em pontos diferentes da cidade.
Chávez participou da manifestação governista, que partiu do bairro 23 de Janeiro, epicentro do movimento contra a ditadura de Marcos Pérez Jiménez.
Vestindo uma jaqueta com as cores venezuelanas e sua clássica boina de pára-quedista, o presidente juntou-se aos simpatizantes oito quadras antes de a passeata chegar à Assembléia Nacional. Ele acenou para os manifestantes e retornou ao Palácio Miraflores.
"Há muito entusiasmo. Há várias vertentes que vão confluir à marcha central", disse o ministro do Interior, Luis Miquilena, durante a passeata. Segundo ele, a manifestação governista, com "bastante presença do povo", teria "um grande significado".
A marcha da oposição começou na praça Morelos, no outro lado da cidade, e seguiu em direção à praça O" Leary, a quatro quadras da Assembléia Nacional, onde um grande contingente policial impediu que os dois grupos entrassem em contato.
Vestidos de azul, os oposicionistas levavam faixas e cartazes contra o presidente. "Chávez, saia já", "Uma voz pela liberdade", "Impostos de fome", diziam alguns deles. Segundo reportagens de TV e relatos dos organizadores, a marcha da oposição reuniu uma multidão que se estendeu por 20 quadras.
Os oposicionistas foram observada por 1.600 homens da polícia, enquanto a manifestação de Chávez foi acompanhada por uma centena e meia de policiais. Jornalistas que cobriam a marcha oficial foram protegidos pela polícia civil para evitar possíveis ataques por parte de governistas irados com a imprensa.
O diretor do jornal "Ultimas Noticias", Eleazar Días Rangel, ex-presidente da Federação Latino-americana de Jornalistas, fez um discurso para os chavistas em frente à Assembléia, condenando a mídia nacional.
"Existe de parte da maioria dos meios uma campanha sistemática contra o presidente e seu governo. Desde 1936 até agora, nunca um governo e seu chefe de Estado foram objeto dos mais persistentes ataques, que ultrapassam os limites elementares da decência, como vemos agora", disse Rangel.
Ao tomar posse, em fevereiro de 1999, Chávez chegou a ter 90% de apoio popular. Com essa força política, ele iniciou um processo de reformulação das instituições, criando uma nova Constituição, mudando radicalmente o Judiciário e assumindo controle sobre o Congresso.
O estilo autoritário do presidente e a falta de sucesso de suas políticas provocaram, no entanto, uma queda em sua popularidade. De acordo com as últimas pesquisas, realizadas em dezembro, Chávez conta com o apoio de apenas 35% dos entrevistados.

Com agências de notícias


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