São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Israel culpa Síria e Irã por bombardeio; duas israelenses vítimas de atentado anteontem em Jerusalém morrem

Hizbollah volta a atacar posições israelenses no Golã

DA REDAÇÃO

O grupo extremista islâmico libanês Hizbollah disparou tiros de morteiro contra posições militares israelenses na região das Fazendas de Chebaa, área fronteiriça entre Líbano, Israel e Síria, perto das colinas do Golã.
Foi o primeiro ataque do grupo desde outubro. Autoridades israelenses afirmam que ninguém foi ferido. Em retaliação, Israel bombardeou as cercanias da vila libanesa de Kfar Shouba. Não há informações de vítimas.
O ataque do Hizbollah abre uma nova frente de batalha para Israel. O ministro da Defesa israelense, Benjamin Ben Eliezer, considerou os ataques muito graves e afirmou que "nenhum tiro é disparado sem a aprovação da Síria e sem o apoio do Irã".
O grupo libanês recebe apoio de Teerã e Damasco. Em julho, quando o grupo também atacou militares israelenses na região, Israel retaliou bombardeando posições sírias dentro Líbano.
Considerado pela maior parte dos libaneses como o principal responsável pela retirada israelense do sul do país, em maio de 2000, o Hizbollah, que também é partido político, diz que as Fazendas de Chebaa são do Líbano.
Porém a ONU considera a região como parte integrante das colinas do Golã (território sírio, sob ocupação israelense) e certificou a retirada israelense do Líbano. Um porta-voz do Exército de Israel afirmou que seu país já cumpriu a resolução 425 do Conselho de Segurança da ONU que exigia a retirada do Líbano.
Afirmando ter novas provas de que as Fazendas de Chebaa estariam em território libanês, não sírio, o xeque Nabil Kaouk, um dos líderes do Hizbollah, disse na semana passada ao diário "The Daily Star", de Beirute, que a fronteira entre o Líbano e Israel continuará sendo uma zona de "inquietude para o inimigo sionista".

Atentado
Duas mulheres morreram ontem, vítimas do atentado do dia anterior no centro de Jerusalém, reivindicado pelas Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligadas ao Fatah (grupo político do líder palestino Iasser Arafat). O terrorista palestino foi morto.
Ontem o grupo anunciou estar disposto a decretar um cessar-fogo condicional. Nenhum ataque será realizado, desde que Israel pare de perseguir extremistas e Arafat deixe prisão domiciliar. O líder palestino está proibido por Israel de sair de um prédio da Autoridade Nacional Palestina em Ramallah (Cisjordânia) há seis dias. Desde o início de dezembro, Arafat não pode deixar a cidade.
O chanceler israelense, Shimon Peres, afirmou em discurso no Conselho da Europa, em Estrasburgo (França), para Arafat "acabar com o terrorismo, antes que o terrorismo acabe com ele" e acrescentou que são grupos armados palestinos estão ditando as relações israelo-palestinas.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, telefonou para Arafat ontem e afirmou que ainda falta apontar um responsável pelo episódio do navio carregado de armas apreendido por Israel e pediu para o líder palestino controlar os grupos extremistas. Para Washington, Arafat pode fazer mais para diminuir o terrorismo.
Uma autoridade palestina, cujo nome não foi divulgado, afirmou ao diário israelense "Haaretz" que Arafat não pode obrigar os extremistas a interromper os ataques contra israelenses, enquanto Israel continuar "com uma arma apontada para as nossas cabeças".
No Iraque, a agência de notícias INA informou que Arafat enviou mensagem ao ditador Saddam Hussein pedindo ajuda.
Na faixa de Gaza, palestinos dispararam contra ônibus que levava colonos judeus. Não houve vítimas. Ao menos 816 palestinos e 248 israelenses morreram desde a eclosão da nova Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), em setembro de 2000.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Destino dos presos ainda é incerto, diz governo
Próximo Texto: Venezuela: Chávez e oposição medem força em Caracas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.