DA REDAÇÃO

Líderes políticos colombianos criticaram ontem a possibilidade de os EUA enviarem tropas ao país para resgatar três americanos sequestrados no dia 13 por guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), após a derrubada do avião em que viajavam, no sul do país.
Segundo reportagem do jornal "The Washington Post", os EUA estariam estudando enviar mais 150 soldados à Colômbia para colaborar com as operações de busca dos sequestrados. Em princípio, a função dos soldados seria treinar e prover informações aos militares colombianos -cerca de 200 soldados dos EUA já estão no país realizando esse tipo de trabalho, dentro do Plano Colômbia.
Questionado pelo jornal se os militares americanos poderiam atuar diretamente na Colômbia, um oficial disse que eles "teriam a capacidade para fazê-lo".
"Além da demencial escalada do conflito interno, a intervenção direta dos EUA, que ninguém deseja, levaria a uma "vietnamização" e uma "balcanização" da Colômbia", disse o líder esquerdista Luis Eduardo Garzón, terceiro colocado nas eleições presidenciais do ano passado.
O ex-chanceler Augusto Ramírez disse que o envio de tropas americanas somente seria aceitável se os soldados não entrarem em combate e se prestarem somente a dar ajuda técnica e de inteligência às autoridade locais envolvidas nas operações de resgate.
O sequestro dos americanos e o assassinato de outro americano e de um militar colombiano que também estavam no avião levou os EUA a ameaçarem retaliações contra as Farc. O presidente George W. Bush chamou o grupo de "assassinos sem compaixão".
As Farc admitiram o sequestro em um comunicado anteontem, no qual acusam os americanos de serem agentes da CIA [agência de inteligência dos EUA", o que o governo americano nega.
Essa é a primeira vez que as Farc sequestram funcionários do governo americano no país, o que vem gerando temor de que isso leve os EUA a se envolverem ainda mais na guerra civil colombiana.
Apesar da exigência das Farc para que o Exército colombiano suspenda as buscas dos americanos para garantir a vida deles, cerca de 4.000 militares participavam ontem das ações no Departamento de Caquetá, onde o avião foi derrubado. Segundo o Exército, três guerrilheiros foram mortos ontem durante essas operações.