São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

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Europeus temem "êxodo bíblico" de refugiados da África

Estima-se que Líbia abrigue 1,5 milhão de estrangeiros ilegais; ditadura tentava frear imigração para a Europa

Obama condena atos de Gaddafi; Brasil envia navio para resgatar pessoas em Benghazi, segunda maior cidade

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

BRUNO TORANZO
DE SÃO PAULO

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Autoridades da União Europeia temem que os conflitos no norte da África, especialmente na Líbia, causem um êxodo de "proporções bíblicas" para o continente.
O ministro do Interior italiano, Roberto Maroni, de partido contrário à imigração, disse temer que pelo menos 300 mil refugiados se dirijam somente para a Itália.
O chanceler italiano, Franco Frattini, disse ontem que "centenas de milhares" de refugiados tentarão cruzar o mar Mediterrâneo de barco, e que a questão afetará não só a Itália, mas todo o continente. "Isso é um êxodo bíblico."
Autoridades europeias dizem acreditar que os refugiados não serão apenas líbios, mas cidadãos de diversos países da África subsaariana.
Estima-se que 1,5 milhão de estrangeiros ilegais estejam hoje na Líbia, morando ou de passagem. O país é considerado porta de entrada da África para a Europa.
A ditadura líbia teria impedido até 750 mil pessoas por ano de emigrar, em uma política de cooperação de Gaddafi com os governos europeus.
Ontem, representantes de Itália, Malta, Chipre, Grécia, França e Espanha -os países do Mediterrâneo- se reuniram para pedir ajuda à União Europeia para lidar com a questão dos refugiados.
Em comunicado conjunto, eles propuseram o estabelecimento de um "sistema comum e sustentável de asilo", que inclui a transferência de imigrantes para países do interior do bloco até 2012.
Mais um barco com 37 tunisianos ilegais chegou à ilha italiana de Lampedusa. Até 5.000 tunisianos já teriam entrado em terras italianas desde a queda do regime ditatorial em seu país.
Autoridades italianas convenceram o Frontex, a agência de controle de fronteiras da União Europeia, a reforçar o patrulhamento em portos e aeroportos do continente.

OBAMA
Nas primeiras declarações sobre a crise, Barack Obama disse que Gaddafi "vai ter que enfrentar as consequências das contínuas violações dos direitos humanos".
Segundo o presidente dos EUA, a Casa Branca está enviando funcionários à Europa para coordenar esforços na contenção da violência na Líbia. Mais cedo, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou que sanções contra o regime líbio não podem ser descartadas.

BRASILEIROS
Cinco brasileiros da filial portuguesa da Andrade Gutierrez deixaram Trípoli em um voo fretado com a ajuda do governo português. Eles chegaram a Lisboa na madrugada de ontem.
Um barco pago pela construtora Queiroz Galvão deixou ontem Atenas, capital grega, rumo a Benghazi, para resgatar 148 brasileiros.
São funcionários da empresa, da Andrade Gutierrez, da Odebrecht e da Petrobras. A expectativa é que a embarcação retorne até amanhã.


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