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Europeus temem "êxodo bíblico" de refugiados da África
Estima-se que Líbia abrigue 1,5 milhão de estrangeiros
ilegais; ditadura tentava frear imigração para a Europa
Obama condena atos de Gaddafi; Brasil envia navio para resgatar pessoas em Benghazi, segunda maior cidade
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
BRUNO TORANZO
DE SÃO PAULO
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
Autoridades da União Europeia temem que os conflitos no norte da África, especialmente na Líbia, causem
um êxodo de "proporções bíblicas" para o continente.
O ministro do Interior italiano, Roberto Maroni, de
partido contrário à imigração, disse temer que pelo menos 300 mil refugiados se dirijam somente para a Itália.
O chanceler italiano, Franco Frattini, disse ontem que
"centenas de milhares" de
refugiados tentarão cruzar o
mar Mediterrâneo de barco, e
que a questão afetará não só
a Itália, mas todo o continente. "Isso é um êxodo bíblico."
Autoridades europeias dizem acreditar que os refugiados não serão apenas líbios,
mas cidadãos de diversos
países da África subsaariana.
Estima-se que 1,5 milhão
de estrangeiros ilegais estejam hoje na Líbia, morando
ou de passagem. O país é
considerado porta de entrada da África para a Europa.
A ditadura líbia teria impedido até 750 mil pessoas por
ano de emigrar, em uma política de cooperação de Gaddafi com os governos europeus.
Ontem, representantes de
Itália, Malta, Chipre, Grécia,
França e Espanha -os países
do Mediterrâneo- se reuniram para pedir ajuda à União
Europeia para lidar com a
questão dos refugiados.
Em comunicado conjunto,
eles propuseram o estabelecimento de um "sistema comum e sustentável de asilo",
que inclui a transferência de
imigrantes para países do interior do bloco até 2012.
Mais um barco com 37 tunisianos ilegais chegou à ilha
italiana de Lampedusa. Até
5.000 tunisianos já teriam
entrado em terras italianas
desde a queda do regime ditatorial em seu país.
Autoridades italianas convenceram o Frontex, a agência de controle de fronteiras
da União Europeia, a reforçar
o patrulhamento em portos e
aeroportos do continente.
OBAMA
Nas primeiras declarações
sobre a crise, Barack Obama
disse que Gaddafi "vai ter
que enfrentar as consequências das contínuas violações
dos direitos humanos".
Segundo o presidente dos
EUA, a Casa Branca está enviando funcionários à Europa para coordenar esforços
na contenção da violência na
Líbia. Mais cedo, a secretária
de Estado norte-americana,
Hillary Clinton, afirmou que
sanções contra o regime líbio
não podem ser descartadas.
BRASILEIROS
Cinco brasileiros da filial
portuguesa da Andrade Gutierrez deixaram Trípoli em
um voo fretado com a ajuda
do governo português. Eles
chegaram a Lisboa na madrugada de ontem.
Um barco pago pela construtora Queiroz Galvão deixou ontem Atenas, capital
grega, rumo a Benghazi, para
resgatar 148 brasileiros.
São funcionários da empresa, da Andrade Gutierrez,
da Odebrecht e da Petrobras.
A expectativa é que a embarcação retorne até amanhã.
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