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ESPANHA
Zapatero segue exemplo de Blair para negociar
Cessar-fogo do ETA aproxima a oposição e o governo espanhóis
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
O cessar-fogo permanente
anunciado pelo grupo terrorista
espanhol ETA produziu uma
aproximação inédita desde 2004
entre os principais partidos da Espanha. A direita espanhola do
Partido Popular (PP) já admite
que vai abrandar sua oposição ao
governo socialista e que participaria de futuras negociações para
um processo de paz.
Desde que o primeiro-ministro
José Luís Rodríguez Zapatero
afirmou que estaria disposto a negociar com os terroristas, se o grupo depusesse as armas, o PP acusou o socialista de enterrar o consenso nacional contra o grupo.
Ontem, tudo mudou. O porta-voz
do PP no parlamento, Eduardo
Zaplana, afirmou que o partido
"sempre esteve disposto a colaborar" e que a participação em um
processo de paz "só depende dos
planos do governo".
Zapatero marcou encontros para a semana que vem com os líderes da oposição espanhola. O primeiro-ministro apelou à unidade
e pediu que a oposição "participe
do processo de paz e de esperança". Para o colunista do jornal espanhol "El País" Luis Aizpeolea,
Zapatero era a última tábua de
salvação para o naufrágio do grupo, diante do cerco policial, jurídico e internacional que sofre. "O
ETA fez chegar uma carta até Zapatero em agosto de 2004, em que
pedia um canal de comunicação
com o governo", escreveu. "Foi o
estopim do processo".
O primeiro-ministro se espelha
na atuação do britânico Tony
Blair em relação ao desarmamento do IRA, no ano passado. Em
maio de 2005, Zapatero ratificou
sua vontade de abrir um processo
de paz, desde que o ETA desse sinais claros de que abandonaria as
armas. A resolução proposta pelo
socialista foi aprovada por todos
os partidos espanhóis, menos pelo PP. "A interlocução governo-ETA a este nível é inédita", diz
Aizpeolea. Se antes o ETA havia
declarado uma "trégua parcial"
em 1988 e uma "trégua indefinida" em 1998, desta vez o termo foi
o "cessar-fogo permanente", expressão copiada do IRA.
A maior unanimidade até agora
-além da resposta cautelosa ao
anúncio- é a de que o cessar-fogo não provoque o amolecimento
do combate ao terrorismo. O ministro da Defesa, José Bono, afirmou que "nem o serviço secreto,
nem a polícia estarão em trégua".
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