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Atentado pode agravar crise na fronteira
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
Os comerciantes paraguaios reclamavam ontem que o assassinato do vice-presidente do Paraguai,
Luis María Argaña, acontece num
momento em que o comércio nas
cidades fronteiriças tentava reverter o quadro de crise com a desvalorização do real frente ao dólar.
"Se já estava difícil com a crise no
Brasil, imagine agora com uma crise institucional no Paraguai", lamentava Assef Baruhs, 42, dono de
uma loja de eletroeletrônicos em
Ciudad del Este, fronteira do Brasil
com o Paraguai.
Baruhs disse que sua loja não
vendeu "nenhum centavo" ontem
enquanto esteve aberta. O comércio em Ciudad del Este fechou por
volta das 14h (horário de Brasília).
Brasileiros que trabalham nas lojas foram dispensados para tentar
voltar para casa.
Há duas semanas, o Cicap e a Câmara de Vereadores de Ciudad del
Este haviam conseguido aprovar
um acordo que desvalorizava em
20% o dólar em relação ao câmbio
praticado no Brasil, tornando a
moeda brasileira mais forte no Paraguai que no Brasil.
Com o real valendo 20% mais no
Paraguai, eles esperavam inverter
uma tendência de queda generalizada no comércio. Para aumentar
os efeitos da crise brasileira na economia paraguaia, comprar no Brasil está hoje mais atraente para a
população do Paraguai, que basicamente se abastece de gêneros alimentícios, produtos de limpeza e
combustíveis em Foz do Iguaçu.
Só no comércio de Ciudad del Este, de acordo com número do Cicap (Centro dos Importadores e
Comerciantes de Alto Paraná), trabalham cerca de 10 mil brasileiros.
Esse número chegou a 12 mil, antes
da desvalorização do real.
O presidente do Centro de Importadores e Comerciantes do Departamento (Estado) de Alto Paraná, Charif Hammoud, afirmou ontem que espera a normalização da
fronteira ainda hoje. Dessa forma,
os comerciantes não seriam prejudicados.
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