São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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Atentado pode agravar crise na fronteira

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

Os comerciantes paraguaios reclamavam ontem que o assassinato do vice-presidente do Paraguai, Luis María Argaña, acontece num momento em que o comércio nas cidades fronteiriças tentava reverter o quadro de crise com a desvalorização do real frente ao dólar.
"Se já estava difícil com a crise no Brasil, imagine agora com uma crise institucional no Paraguai", lamentava Assef Baruhs, 42, dono de uma loja de eletroeletrônicos em Ciudad del Este, fronteira do Brasil com o Paraguai.
Baruhs disse que sua loja não vendeu "nenhum centavo" ontem enquanto esteve aberta. O comércio em Ciudad del Este fechou por volta das 14h (horário de Brasília).
Brasileiros que trabalham nas lojas foram dispensados para tentar voltar para casa.
Há duas semanas, o Cicap e a Câmara de Vereadores de Ciudad del Este haviam conseguido aprovar um acordo que desvalorizava em 20% o dólar em relação ao câmbio praticado no Brasil, tornando a moeda brasileira mais forte no Paraguai que no Brasil.
Com o real valendo 20% mais no Paraguai, eles esperavam inverter uma tendência de queda generalizada no comércio. Para aumentar os efeitos da crise brasileira na economia paraguaia, comprar no Brasil está hoje mais atraente para a população do Paraguai, que basicamente se abastece de gêneros alimentícios, produtos de limpeza e combustíveis em Foz do Iguaçu.
Só no comércio de Ciudad del Este, de acordo com número do Cicap (Centro dos Importadores e Comerciantes de Alto Paraná), trabalham cerca de 10 mil brasileiros. Esse número chegou a 12 mil, antes da desvalorização do real.
O presidente do Centro de Importadores e Comerciantes do Departamento (Estado) de Alto Paraná, Charif Hammoud, afirmou ontem que espera a normalização da fronteira ainda hoje. Dessa forma, os comerciantes não seriam prejudicados.



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