São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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KOSOVO
Milosevic se recusa a aceitar plano de paz assinado por população de origem albanesa e negociações fracassam
Otan ordena ataque à Iugoslávia

das agências internacionais

O secretário-geral da Otan, o espanhol Javier Solana, ordenou ontem o início dos ataques aéreos contra a Iugoslávia, afirmando que todos os esforços para uma solução política haviam fracassado, devido à "intransigência do governo".
Solana disse que os ataques tinham o objetivo de debilitar o Exército e "evitar mais sofrimento humano e mais violência contra a população civil de Kosovo".
Apesar da autorização para o ataque, a ação militar não foi iniciada ontem devido às condições metereológicas na Iugoslávia, que desfavoreciam a operação, segundo o Pentágono.
Os ataques deveriam ser iniciados em breve porque era esperada uma melhoria no tempo.
O fracasso da missão de paz do enviado especial dos EUA à Iugoslávia, Richard Holbrooke, abriu caminho para um ataque da Otan (aliança militar ocidental, liderada pelos EUA) contra a Iugoslávia.
Ele tentou convencer Milosevic a aceitar o plano de autonomia para Kosovo firmado pelos iugoslavos de etnia albanesa.
Assistentes humanitários estavam deixando a Província de Kosovo e indo para a Macedônia. As embaixadas ocidentais retiravam os últimos funcionários do país.
O presidente Bill Clinton afirmou que "a Otan está unida e preparada para cumprir suas advertências" contra os sérvios, "pelo bem das gerações futuras".
Ele disse que a Otan quer prevenir uma crise de refugiados e impedir uma "limpeza étnica" contra os iugoslavos de etnia albanesa.
Desde o último sábado, mais de 40 mil kosovares de origem albanesa foram expulsos de casa. "A situação é a mais desanimadora desde que iniciamos os esforços quatro anos atrás", disse Holbrooke.
A Otan tem à disposição seis embarcações norte-americanas no Mediterrâneo e no Adriático para lançar mísseis Tomahawk contra a Iugoslávia. Na região, encontra-se também um submarino britânico.
A ação militar pode incluir bombas guiadas a laser, que seriam lançadas à noite por caças F-117 que estão em base no norte da Itália. Eles fazem parte dos mais de 200 caças dos EUA que integram uma força de cerca de 400 aviões deguerra da Otan. Há ainda bombardeiros B-52 em uma base britânica prontos para o ataque.
"Devemos agir para salvar milhares de homens, mulheres ecrianças inocentes de uma catástrofe humanitária, da morte, da barbárie e da limpeza étnica de uma ditadura brutal", disse o premiê britânico, Tony Blair.
O Reino Unido e a França disseram estar prontos para agir.
Representantes dos iugoslavos de etnia albanesa de Kosovo, que formam 90% da população, firmaram, na semana passada, um plano de autonomia para a região. A delegação sérvia disse que não firmaria um plano de paz "imposto por forças ocidentais".



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