ISABEL CLEMENTE
de Londres

Pela segunda vez, em quatro meses, a comissão jurídica da Câmara dos Lordes, o mais alto tribunal da Justiça britânica, anunciará sua decisão sobre o futuro do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, 83.
Sete juízes julgaram, nas últimas sete semanas, se Pinochet pode ser extraditado para a Espanha, onde responderá por crimes contra os direitos humanos praticados durante o seu regime (1973-90).
Hoje, cada juiz lerá um resumo da própria sentença, em cerimônia que começará às 14h locais (11h em Brasília).
As explicações detalhadas são distribuídas logo depois do anúncio para a imprensa e ficam à disposição do público na Internet (http://www.parliament.uk).
Pinochet está detido em Londres há cinco meses. Vive sob guarda policial 24 horas por dia, numa casa alugada fora da cidade, de onde não pode sair sem autorização.
Exilados chilenos, mobilizados desde o primeiro dia de detenção do general, em outubro, retomaram ontem os protestos em frente ao Parlamento, onde fica a Câmara dos Lordes. Prometeram seguir noite adentro, em vigília.
Os pinochetistas também estarão presentes, embora tenham anunciado que evitarão confrontos com seus "rivais políticos".
Nessas situações, normalmente, a aproximação física dos dois grupos é evitada pela polícia.
Partidários do general começaram a marcar presença em Londres quando o ex-presidente fez sua primeira e única aparição em público, em dezembro.
O general havia sido convocado pelo tribunal em que os procedimentos para a extradição começaram.
Com o cancelamento da decisão dos lordes, o processo de extradição foi suspenso.
O ministro do Interior, Jack Straw, tem dito que não pretende interferir no processo jurídico.
Ainda assim, os advogados de Pinochet poderão recorrer das decisões nas várias etapas do processo de extradição, até o caso retornar para os lordes.
Um avião da Força Aérea chilena já aterrissou numa base militar britânica fora de Londres, na expectativa de levar Pinochet para o Chile. Caso os lordes lhe garantam imunidade diplomática, o general deverá deixar o Reino Unido.



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