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Ex-PC italiano aprova fusão com partido cristão
União de conveniência foi aprovada sem entusiasmo
JEAN-JACQUES BOZONNET
DO "MONDE", EM ROMA
Os dois principais partidos
da esquerda moderada italiana,
os Democratas de Esquerda
(DS), sucessores do antigo Partido Comunista Italiano, e o
Margarida - Democracia e Liberdade (DL), ala esquerda do
antigo Partido Democrata Cristão, decidiram em seus congressos, realizados no fim de
semana, dissolver-se e formar,
daqui a alguns meses, uma nova
agremiação de centro-esquerda, o Partido Democrata.
Para o chefe do governo italiano, Romano Prodi, "trata-se
da concretização de um sonho
iniciado 12 anos atrás", como
ele confidenciou em carta aberta ao jornal "La Repubblica".
Líder de uma frágil coalizão de
centro-esquerda, com nove
partidos, Prodi foi o principal
promotor da fusão, cuja idéia
era dotar a esquerda de "uma
visão política e ética nova".
Na opinião de numerosos comentaristas, trata-se de uma
"fusão a frio", aprovada pelos
integrantes de ambos os partidos por maiorias maciças, mas
sem muito entusiasmo. O futuro Partido Democrata tem a
ambição de conquistar o apoio
de mais de um terço do eleitorado e de se tornar a principal
força política do país. Os dois
partidos que o integrarão obtiveram, somados, 28% dos votos
nas eleições legislativas de abril
de 2004, contra 24% do partido
Força Itália, liderado pelo antigo premiê Silvio Berlusconi.
Mas a linha política da nova
formação, ainda mal definida,
terá por tarefa "digerir" duas
correntes tão diferentes quanto os herdeiros da velha Democracia Cristã (Margarida) e os
pós-comunistas dos DS. No
Parlamento Europeu, o primeiro grupo constitui um dos pólos
do grupo parlamentar Aliança
dos Democratas e Liberais pela
Europa. Já os democratas de
esquerda fazem parte do Partido Socialista Europeu.
"Não estamos criando um
partido moderado, mas uma
organização de esquerda e reformista", afirmou Piero Fassino, secretário nacional dos Democratas de Esquerda, diante
dos 1.500 delegados reunidos
em Florença. Mas ele não conseguiu manter o apoio da ala
mais esquerdista do partido, liderada por Fabio Mussi, ministro do Ensino Superior, que representa cerca de 15% dos militantes. A virada à direita e a
questão da supermacia laica na
política são as principais críticas dos dissidentes à fusão.
De sua parte, o congresso do
Margarida, que reuniu 1.700
delegados em Roma, não registrou cisões. O presidente da
agremiação, Francesco Rutelli,
vice-presidente do Conselho de
Ministros italiano, elogiou a
perspectiva de um partido que
"tornará mais forte a ação do
governo" e ajudará a esquerda a
"superar as dúvidas e incertezas" de uma maioria heterogênea. A questão da liderança não
foi abordada nos dois congressos, mas deve ocupar posição
central nas discussões que vão
ocorrer de agora até 14 de outubro, a data marcada para a assembléia que constituirá o Partido Democrata. A agremiação
deve estrear oficialmente na
política na primavera de 2008.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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