São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2004

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EUROPA

Governo descarta atentado e cogita falha no projeto ou na construção em terminal do Charles de Gaulle, perto de Paris

Desabamento em aeroporto mata 5 na França

Jerome Delay/Associated Press
Bombeiros inspecionam terminal de passageiros no aeroporto Charles de Gaulle, em Roissy, depois que parte de seu teto desabou


DA REDAÇÃO

Cinco pessoas morreram ontem, quando parte do teto do novo terminal de passageiros do aeroporto Charles de Gaulle, em Roissy, nas cercanias de Paris, desabou sobre uma passarela de passageiros.
Segundo as equipes de resgate, uma pessoa ainda corre risco de morte e três outras estão gravemente feridas. Um dos feridos era da China, e, outra ferida, da Costa do Marfim. Não há registro de nenhum brasileiro envolvido no acidente, segundo disse à Folha um funcionário do Itamaraty.
O governo francês descartou a hipótese de um atentado terrorista e afirmou que as causas do acidente ainda são desconhecidas. Cogita-se, porém, a possibilidade de uma falha no projeto ou na construção do terminal 2E.
"O tempo é um fator. Temos de resgatar os feridos o mais rápido possível", afirmou o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Laurent Vibert, enquanto cães farejadores vasculhavam os destroços. "Parece uma cena depois de um terremoto", afirmou um dos bombeiros.
De acordo com a polícia, as placas de concreto, metal e vidro do teto começaram a despencar sobre os passageiros pouco antes das 7h da manhã (2h de Brasília), logo depois de os passageiros perceberem rachaduras no teto. A polícia retirou as pessoas do local e o manteve fechado em seguida.
O trecho do túnel de passageiros que desabou tinha 50 metros de comprimento por 30 metros de largura. O acidente ocorreu 11 meses após o terminal ter sido inaugurado, após uma série de adiamentos.
No momento do acidente, aviões chegavam ao aeroporto vindo de Newark (Estados Unidos) e Johannesburgo (África do Sul), e uma outra aeronave decolava para Praga, na República Tcheca.
De início, o Ministério do Interior havia informado que o número de vítimas chegava a seis, o que não acabou se confirmando.
Autoridades afirmaram que já foi aberto um inquérito administrativo. A eventual descoberta de algum erro no projeto ou de uma falha de construção seria um revés para o prestígio e as finanças dos Aeroportos de Paris (ADP), órgão que administra os aeroportos da capital francesa.
"Hoje [ontem] foi um dia muito difícil para nós", disse Pierre Graff, presidente do ADP.

Atraso na inauguração
O terminou, que foi aberto em junho de 2003 a um custo US$ 900 milhões, demorou a ser inaugurado em parte porque a comissão responsável pela segurança aeroportuária protelou seguidas vezes a emissão do certificado de autorização para funcionamento.
O presidente da região da grande Paris, Jean-Paul Huchon, afirmou que ainda não se sabe a causa do acidente, mas admitiu que "pode ter ocorrido uma falha na construção".
O especialista em segurança aérea David Learmount disse ainda haver muitas questões a serem respondidas. "Se foi um erro de projeto ou uma falha na construção, isso tem de ser descoberto o mais rápido possível."
O aeroporto Charles de Gaulle é o principal da França. Por ele passam, em média, 58 milhões de passageiros por ano. O terminal 2E, que tem mais de 50 vôos por dia, foi projetado para atender uma demanda de até 10 milhões de passageiros anuais.

Com agências internacionais


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