São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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EUA espalham o medo, afirma Anistia

País restringe direitos humanos e comanda "globalização de abusos", constata relatório da entidade

DA REDAÇÃO

O mundo tem assistido a uma verdadeira "globalização dos abusos dos direitos humanos" comandada sobretudo pelos Estados Unidos, afirmou a Anistia Internacional em seu relatório anual sobre a situação mundial dos direitos humanos, divulgado ontem.
O informe de 2007 da organização afirma que "governos poderosos e grupos armados estão fomentando deliberadamente o medo para erodir" os direitos humanos, referindo-se à "guerra ao terror", impulsionada pelos EUA desde os ataques de 11 de setembro de 2001.
De acordo com o documento, as políticas utilizadas por Washington e outros por governos para "espalhar o medo" estão "dividindo o mundo e o polarizando", tornando-o "cada vez mais perigoso". O relatório elaborado pela Anistia no ano passado continha críticas similares em relação ao desrespeito dos direitos humanos pelos EUA.

Credibilidade
A organização também afirma que o país perdeu sua credibilidade ao manter "um discurso incoerente sobre direitos humanos enquanto trava sua guerra ao terror". A perda de credibilidade dos EUA teria levado um número crescente de países da América do Sul a se "desassociar da política, economia e diretrizes de segurança promovidas pelos EUA".

Saco de pancadas
Em Washington, o Departamento de Estado norte-americano rebateu as críticas afirmando que o tempo da Anistia teria sido melhor gasto ajudando o governo iraquiano a lidar com os abusos cometidos no passado.
"Está claro que a Anistia Internacional achou que seríamos um saco de pancadas ideologicamente conveniente", disse um porta-voz dos EUA.
O documento também chama a atenção para a influência da China no continente africano, afirmando que o país e as organizações chinesas mostram "pouca preocupação" pelos direitos humanos na África e destacando o papel chinês na proteção do Sudão contra a pressão da comunidade internacional em relação ao massacre na Província de Darfur.
A organização também criticou a falta de vontade da comunidade internacional para atuar em "conflitos esquecidos", como os da Colômbia, Tchetchênia e Sri Lanka.
Irene Khan, secretária-geral da Anistia, enfatizou ainda o aumento da tortura, do terrorismo e da violência contra as mulheres em 2006 no mundo, além de destacar a adoção de medidas que ameaçam a liberdade de expressão por parte da China, do Egito, do Irã e outros. A Rússia foi citada em relação ao assassinato de uma jornalista no ano passado.


Com agências internacionais


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