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Escolha consagra doutrina militar da contrainsurgência
Guerra irregular, com foco em operações especiais secretas, ganha força sob McChrystal
Novo comandante de tropas no Afeganistão acredita, como seu superior Petraeus, em "guerra sem fim" contra terroristas, diz especialista
DA SUCURSAL DO RIO
O fato de um general que fez
carreira em operações especiais secretas ter sido escolhido
para comandar as forças dos
EUA e seus aliados no Afeganistão consagra a chamada
Doutrina Petraeus, que põe a
contrainsurgência no cerne do
pensamento militar dos EUA.
"Os altos oficiais especializados em conflitos não convencionais estão agora no leme",
afirma o coronel reformado do
Exército americano Andrew
Bacevich, professor de relações
internacionais da Universidade
de Boston, sobre a nomeação
de Stanley McChrystal.
Seria uma repetição do que
aconteceu nos anos 60, durante
a Guerra do Vietnã, depois que
o presidente John Kennedy
(1961-1963) pediu aos militares
"uma estratégia completamente nova". A derrota acabou afastando os EUA de envolvimento
direto em guerras de guerrilha.
Nos anos 90, prevaleceu a Doutrina Powell (de Colin Powell,
ex-chefe do Estado Maior americano), que preconizava ações
breves e pouco frequentes, com
"força total" dos armamentos
convencionais, usados nos
combates entre Exércitos.
A guerra irregular -aperfeiçoada pelo general David Petraeus, hoje chefe do Comando
Central, quando servia no Iraque- já era o foco de documento político assinado pelo secretário da Defesa, Robert Gates,
em agosto de 2008. Agora, foi
incorporada ao Orçamento de
2010 proposto por ele.
O projeto ainda dedica o
grosso dos gastos à preparação
para conflitos entre Estados,
mas Gates pediu mais verbas
para aviões não tripulados, como os usados em bombardeios
na fronteira afegã-paquistanesa e para lanchas rápidas de
combate. Também quer aumentar as Forças Especiais.
Bacevich vê a perspectiva de
"um, dois, muitos Iraques".
"Petraeus e McChrystal aceitam a premissa de que uma
guerra sem fim [contra grupos
terroristas e outros inimigos
dos EUA] é inevitável", diz.
O ex-marine Robert Haddick, colaborador do site de militares Small War Journal, se
diz menos preocupado. Ele
acha que o eleitorado americano cansou e "não vai apoiar
mais aventuras militares desnecessárias". Para Haddick, as
capacidades de contrainsurgência serão usadas no incremento das missões chamadas
no jargão militar de "defesa estrangeira interna", em que os
americanos treinam e assessoram soldados de países aliados.
David Rothkopf, da Fundação Carnegie para a Paz Internacional, diz que o futuro da
doutrina dependerá dos resultados no Afeganistão. "Se funcionar lá, pode ser usada em
outros lugares."
(CA)
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