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Com novo comando no Afeganistão, ação superará diplomacia
Para especialistas, razões políticas e estratégias levam Casa Branca a buscar resultados rápidos em estratégia para país
Stanley McChrystal, o novo comandante das forças da Otan na guerra, aumentará violência tentando declarar vitória, dizem ex-oficiais
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
A nomeação do general Stanley McChrystal como novo
comandante no Afeganistão
das forças da Otan, a aliança
militar ocidental, tem o potencial de entrar em contradição
com a intenção declarada pelo
presidente Barack Obama de
dar peso e tempo à diplomacia
na solução do conflito regional.
Sob McChrystal, que chefiou
as Forças de Operações Especiais, a violência que gerou milhares de refugiados na fronteira afegã-paquistanesa deve aumentar, disseram especialistas
à Folha, entre eles dois militares reformados dos EUA.
O homem que porá em campo o reforço de tropas anunciado por Obama -no total, 21 mil
novos soldados americanos
embarcarão para o país neste
ano- é descrito como "de
ação". Próximo do secretário
da Defesa, Robert Gates, no
cargo desde o governo George
W. Bush, e do chefe do Comando Central, David Petraeus,
McChrystal é especialista em
"caçadas humanas".
No Iraque, ele recebeu o crédito pela captura do ditador deposto Saddam Hussein, no final de 2003, e pelo assassinato
em 2006 de Abu Musab al Zarqawi, autoproclamado líder da
Al Qaeda no país árabe.
O general será sabatinado no
Senado. Espera-se sua confirmação, mas ele deve ser questionado por seu papel no encobrimento da morte por fogo
amigo, em 2004, de Pat Tillman, estrela do futebol americano que lutava no Iraque.
Tillman foi descrito como
um herói morto em combate.
Uma investigação do Pentágono inocentou McChrystal, mas
ele foi repreendido por não ter
avisado a família do jogador sobre as circunstâncias verdadeiras de sua morte.
Embora os documentos oficiais da Casa Branca enfatizem
a busca de solução negociada
para o conflito afegão-paquistanês, com o envolvimento dos
europeus e dos países vizinhos
(Irã, Rússia, Índia), o ex-oficial
do Corpo de Fuzileiros Navais
dos EUA Robert Haddick diz
que McChrystal, 54, tem pouca
experiência diplomática.
Haddick afirma que nesse aspecto o futuro comandante
aparece em desvantagem em
relação ao atual, David
McKiernan, 59, ex-chefe das
forças dos EUA na Europa.
Razões e cenários
Para ele, além do bom relacionamento com McChrystal,
Gates teria tido mais duas razões para trocar o comando da
guerra contra o Taleban, grupo
fundamentalista deposto na invasão americana de 2001: a resistência europeia em aumentar seu envolvimento no conflito e a necessidade de uma alternativa para declarar vitória.
"A pior coisa que pode acontecer a Obama é ficar atolado
num pântano na região. Por razões políticas e estratégicas,
eles querem resultados", concorda David Rothkopf, pesquisador da Fundação Carnegie
para a Paz Internacional. "Com
mais soldados, dinheiro e foco,
a violência aumentará", afirma.
Intensificada a guerra, especialistas apontam três cenários.
No primeiro, a Otan mata ou
captura troféus -como o mulá
Omar, o misterioso líder do Taleban afegão-, declara vitória e
sai. "É o melhor cenário, mas
não resolve o problema da instabilidade paquistanesa, um
Estado nuclear", diz Rothkopf.
No segundo, a pressão enfraquece e divide o Taleban, que
retira exigência de cronograma
de retirada dos EUA e negocia
um governo afegão de coalizão.
No terceiro, considerado o
mais provável por Andrew Bacevich, coronel reformado do
Exército, as consequências para os civis fortalecem o Taleban
e adiam o fim do conflito.
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