São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2010

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Fracassa estado de exceção contra guerrilha paraguaia

Medida extraordinária expira sem a prisão de nenhum dos líderes do EPP

Presidente Lugo diz que não pedirá renovação de decreto, mas buscará outro meio de manter o Exército nas ruas

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

O estado de exceção decretado há 30 dias no Paraguai termina hoje sem que tenha sido cumprido o objetivo do governo de prender os principais líderes do grupo guerrilheiro EPP (Exército do Povo Paraguaio).
Os sequestros e assassinatos atribuídos ao EPP fizeram o presidente Fernando Lugo decretar a medida em cinco departamentos do norte do país, para onde foram deslocados cerca de 3.000 militares e policiais.
Além de autorizar a presença militar nas ruas, o estado de exceção permitiu prisões sem mandado judicial.
O único integrante do EPP capturado no período, porém, foi Julián de Jesús Ortiz, que tinha função logística, segundo a polícia.
Membros da oposição chamaram de "fracasso" o estado de exceção e disseram que Lugo é incapaz de coordenar as Forças Armadas.
O governo contestou dizendo que, apesar de não ter acabado com o EPP, obteve bons resultados no âmbito da segurança pública.
O estado de exceção resultou em diminuição dos índices de criminalidade, prisão de cem foragidos da Justiça e apreensão de quatro toneladas de maconha, segundo o Ministério do Interior.
Ontem, Lugo esteve nos departamentos de Concepción e Amambay para avaliar o efeito da medida.
Segundo o prefeito de Pedro Juan Caballero, capital de Amambay, Lugo disse que não pretende pedir ao Congresso que estenda o estado de exceção. Prometeu, no entanto, buscar outro instrumento legal para manter os militares nas ruas de Amambay e Concepción.
Formado por jovens pobres e de origem camponesa, o EPP tem como bandeira a reforma agrária e vive camuflado entre sem-terra.
Desde 2001, o grupo reivindicou ao menos quatro sequestros, atentou contra a sede do Poder Judiciário em Assunção e travou combates armados contra a polícia.
As autoridades paraguaias afirmam que o EPP recebeu treinamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e de organizações cubanas e venezuelanas.


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