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GUERRA SEM LIMITES
Destinada ao Sudão, carga pode estar ligada ao terror; sudaneses negam, mas não esclarecem uso do material
Grécia investiga barco com supercarga de explosivos
DA REDAÇÃO
Um navio cargueiro descrito
como uma "bomba atômica flutuante", detido na costa da Grécia
no domingo, foi colocado ontem
sob intensa vigilância enquanto as
autoridades tentavam responder
à seguinte questão: as toneladas
de explosivos guardadas em seus
porões têm relação com o terrorismo ou são resultado de uma
operação comercial fracassada?
A guarda costeira grega isolou o
barco Baltic Sky, com bandeira
das Ilhas Comores (oceano Índico), e especialistas em desarmamento assumiram o controle sobre as 680 toneladas de explosivos
industriais. Segundo documentos, o barco deveria ir para o Sudão, mas navegou pelo mar Mediterrâneo durante quase seis semanas sem motivo conhecido.
Os explosivos encontrados são
baseados em nitrato de amônia e
podem ser utilizados em mineração e construção. Também havia
8.000 detonadores a bordo.
A tripulação -composta de
cinco ucranianos e dois azerbaijanos- poderá responder a diversas acusações, como de não revelar sua carga perigosa. "Ela deveria ter declarado que sua carga era como uma bomba atômica", disse
o ministro da Marinha Mercante
grego, Giorgos Anomeritis.
No Sudão, o chanceler Mustafa
Oman Ismail divulgou comunicado no qual afirmou que o carregamento havia sido aprovado pelo governo e se destinava a "diversas
instituições sudanesas".
O comunicado não deu detalhes
sobre a empresa responsável pela
operação, o uso que seria dado
aos explosivos e o motivo pelo
qual o barco não viajou diretamente para o Sudão.
O Sudão, sob regime islâmico, já
foi alvo de bombardeios dos EUA
devido a suspeitas de ligação com
o terrorismo. Após os atentados
de 11 de setembro de 2001, o país
colaborou com os EUA na guerra
contra o terror.
Ontem, a Sociedade da Tunísia
de Explosivos e Munições disse
que havia fornecido os explosivos
a uma entidade sudanesa "para
uso civil".
O caso também é revelador da
falta de transparência do transporte marítimo internacional, no
qual proprietários de navios se escondem por trás de empresas sediadas em outros países e barcos
utilizam "bandeiras de conveniência", em geral para evitar impostos e driblar irregularidades.
Segundo as primeiras informações, o navio teria sido carregado
no porto de Gabes, na Tunísia, em
12 de maio. O destino seria uma
companhia no Sudão, mas, segundo autoridades gregas, os papéis registram uma caixa postal
como local de entrega. Não há detalhes sobre a firma Integrated
Chemicals and Development, cujo nome consta nos papéis. A Grécia suspeita que seja uma empresa fantasma.
O Baltic Sky jamais se dirigiu ao
canal de Suez, no Egito, por onde
teria de passar para chegar ao Sudão. Segundo informação da
agência turca Anatolia, o navio
atracou em Istambul em 2 de junho. No dia 5, teria deixado Istambul rumo a Suez. Em vez disso, permaneceu quase duas semanas ziguezagueando pelo mar
Egeu, entre a Turquia e a Grécia, e
pelo leste do Mediterrâneo.
No domingo, foi abordado pelas forças especiais gregas, no
contexto da guerra contra o terror, e levado ao porto de Platiyali
(235 km de Atenas).
A Grécia e outros países da região teriam trocado informações
sobre a trajetória do barco. O país
também teria sido alertado por
navios da Otan (aliança militar
ocidental liderada pelos EUA) sobre os movimentos do navio. Ontem, a Otan disse que, no momento, acompanha os movimentos de
aproximadamente 20 barcos suspeitos de ligação com o terror.
Com agências internacionais
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