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São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

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GUERRA SEM LIMITES

Destinada ao Sudão, carga pode estar ligada ao terror; sudaneses negam, mas não esclarecem uso do material

Grécia investiga barco com supercarga de explosivos

DA REDAÇÃO

Um navio cargueiro descrito como uma "bomba atômica flutuante", detido na costa da Grécia no domingo, foi colocado ontem sob intensa vigilância enquanto as autoridades tentavam responder à seguinte questão: as toneladas de explosivos guardadas em seus porões têm relação com o terrorismo ou são resultado de uma operação comercial fracassada?
A guarda costeira grega isolou o barco Baltic Sky, com bandeira das Ilhas Comores (oceano Índico), e especialistas em desarmamento assumiram o controle sobre as 680 toneladas de explosivos industriais. Segundo documentos, o barco deveria ir para o Sudão, mas navegou pelo mar Mediterrâneo durante quase seis semanas sem motivo conhecido.
Os explosivos encontrados são baseados em nitrato de amônia e podem ser utilizados em mineração e construção. Também havia 8.000 detonadores a bordo.
A tripulação -composta de cinco ucranianos e dois azerbaijanos- poderá responder a diversas acusações, como de não revelar sua carga perigosa. "Ela deveria ter declarado que sua carga era como uma bomba atômica", disse o ministro da Marinha Mercante grego, Giorgos Anomeritis.
No Sudão, o chanceler Mustafa Oman Ismail divulgou comunicado no qual afirmou que o carregamento havia sido aprovado pelo governo e se destinava a "diversas instituições sudanesas".
O comunicado não deu detalhes sobre a empresa responsável pela operação, o uso que seria dado aos explosivos e o motivo pelo qual o barco não viajou diretamente para o Sudão.
O Sudão, sob regime islâmico, já foi alvo de bombardeios dos EUA devido a suspeitas de ligação com o terrorismo. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, o país colaborou com os EUA na guerra contra o terror.
Ontem, a Sociedade da Tunísia de Explosivos e Munições disse que havia fornecido os explosivos a uma entidade sudanesa "para uso civil".
O caso também é revelador da falta de transparência do transporte marítimo internacional, no qual proprietários de navios se escondem por trás de empresas sediadas em outros países e barcos utilizam "bandeiras de conveniência", em geral para evitar impostos e driblar irregularidades.
Segundo as primeiras informações, o navio teria sido carregado no porto de Gabes, na Tunísia, em 12 de maio. O destino seria uma companhia no Sudão, mas, segundo autoridades gregas, os papéis registram uma caixa postal como local de entrega. Não há detalhes sobre a firma Integrated Chemicals and Development, cujo nome consta nos papéis. A Grécia suspeita que seja uma empresa fantasma.
O Baltic Sky jamais se dirigiu ao canal de Suez, no Egito, por onde teria de passar para chegar ao Sudão. Segundo informação da agência turca Anatolia, o navio atracou em Istambul em 2 de junho. No dia 5, teria deixado Istambul rumo a Suez. Em vez disso, permaneceu quase duas semanas ziguezagueando pelo mar Egeu, entre a Turquia e a Grécia, e pelo leste do Mediterrâneo.
No domingo, foi abordado pelas forças especiais gregas, no contexto da guerra contra o terror, e levado ao porto de Platiyali (235 km de Atenas).
A Grécia e outros países da região teriam trocado informações sobre a trajetória do barco. O país também teria sido alertado por navios da Otan (aliança militar ocidental liderada pelos EUA) sobre os movimentos do navio. Ontem, a Otan disse que, no momento, acompanha os movimentos de aproximadamente 20 barcos suspeitos de ligação com o terror.


Com agências internacionais


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