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ÁFRICA
Agências afirmam que chegada da estação das chuvas dentro de um mês colocará ajuda humanitária em colapso
ONGs alertam contra tragédia no Sudão
DA REDAÇÃO
Enquanto os Estados Unidos e a
ONU debatem se a situação no
Sudão pode ser qualificada como
genocídio, ONGs que atuam no
país africano estão lançando um
alerta: falta apenas um mês para
impedir que a crise humanitária
na região de Darfur exploda com
a multiplicação das mortes por fome e doenças.
A organização internacional
Médicos sem Fronteiras, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em
1999, lançou um relatório em que
aponta os graves problemas que
atingem cerca de 1,2 milhão de refugiados e adverte que quando
começar a estação das chuvas, em
julho, ficará praticamente impossível levar assistência aos campos
de refugiados.
Os Médicos pelos Direitos Humanos, grupo sediado em Boston
(EUA), divulgaram ontem documento em que acusam o governo
sudanês de "marcar vários milhões de habitantes não-árabes de
Darfur para remoção da região,
seja pela morte [por violência ou
fome] ou pela migração forçada".
Eles citam um relatório da Agência para o Desenvolvimento Internacional, do governo dos EUA,
que diz que de 300 mil a 1 milhão
de civis podem morrer.
O Grupo de Crises Internacionais, baseado em Bruxelas (Bélgica), afirma que Darfur pode "facilmente se tornar mortal" como
o genocídio de Ruanda em 1994.
A crise em Darfur teve início no
começo de 2003, quando dois
grupos de rebeldes negros começaram a atacar alvos do governo.
Segundo os rebeldes, o governo
dá tratamento preferencial aos
membros de tribos árabes.
Em resposta, o Exército sudanês
passou a bombardear tribos. Os
ataques aéreos eram seguidos pela ação de uma milícia árabe, Janjaweed. ONGs de defesa dos direitos humanos acusam o governo
de armar e treinar essa milícia.
Milhares de pessoas foram mortas nessa repressão. Mais de 1 milhão de moradores abandonaram
suas vilas, indo para campos de
refugiados próximos à fronteira
com o Chade. Calcula-se que outros 100 mil a 200 mil buscaram
abrigo no país vizinho.
A Convenção da ONU sobre o
Genocídio descreve o termo como "atos cometidos com a intenção de destruir, inteiramente ou
em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso". O governo dos EUA está analisando se genocídio pode ser usado para descrever os acontecimentos no país.
Até agora os EUA usaram apenas
a expressão "limpeza étnica".
A Casa Branca estuda a possibilidade de impor sanções às autoridades sudanesas ligadas às ações
que provocaram os deslocamentos em massa dos moradores de
Darfur. Ontem, parlamentares
negros americanos fizeram um
pedido ao presidente George W.
Bush para que o país intervenha
militarmente no Sudão.
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, que nomeou um enviado
à região na sexta, diz que não está
pronto para dizer se Darfur é palco de "genocídio ou limpeza étnica por enquanto", preferindo
qualificar a situação como "uma
situação humanitária trágica".
O Sudão também tem no sul
uma guerra civil que se prolonga
por 21 anos. No entanto, acordos
de paz recentes indicam que a disputa entre a minoria negra não-islâmica do sul com os árabes islâmicos do norte pode estar chegando ao fim.
Com agências internacionais
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