São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2004

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SAÚDE

Grupos dos EUA fundam sociedade para educar americanos sobre a necessidade de uma alimentação balanceada

Dieta sem carboidrato eleva risco de doenças

DA REDAÇÃO

As dietas que restringem carboidratos -que viraram febre nos EUA, onde mais de 60% dos adultos são obesos ou têm excesso de peso, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do governo americano- estão levando a população a ter problemas de saúde e criando uma indústria que explora alimentos relativos a essas dietas. A afirmação é de especialistas em saúde e associações de defesa do consumidor.
Com essa preocupação e com o objetivo de promover programas, políticas e pesquisa para divulgar os fundamentos de uma dieta balanceada e ajudar a educar os americanos sobre a necessidade de carboidratos saudáveis -como vegetais, frutas e grãos-, o grupo acabou de fundar a Partnership for Essential Nutrition.
"Quando a ciência não comprovada se torna publicidade, algumas pessoas ficam ricas e o resto é roubado", declarou Jeffrey Prince, membro do Instituto Americano de Pesquisa sobre o Câncer.
"Comer vegetais, frutas e grãos -que são predominantemente carboidratos- está relacionado a redução do risco de câncer, doenças cardíacas, derrame, diabetes e várias outras doenças crônicas", disse Prince. Segundo ele, as dietas que cortam carboidratos e preconizam o consumo de proteínas de origem animal e gordura aumentam ainda mais o risco de desenvolvimento dessas doenças.
O grupo, do qual fazem parte diversas associações americanas, é especialmente crítico a dietas como a de Robert Atkins, baseada em proteínas e gorduras. Esse tipo de dieta leva o corpo ao processo metabólico conhecido como cetose, que, por falta de carboidrato, promove a metabolização das gorduras, produzindo cetonas.
Estudos mostram que essas dietas fazem as pessoas perderem peso mais rapidamente do que as que seguem dietas com baixo nível de gordura nos primeiro seis meses, mas as vantagens não se mantêm a longo prazo.
O diretor médico da Atkins Nutricional, Stuart Trager, afirma, no entanto, que a dieta é saudável. "A dieta inclui espinafre, berinjela, brócolis, aspargos e folhas verdes, além de outros vegetais com bastante fibra e frutas. A Atkins requer cinco porções de vegetais e/ou frutas por dia", declarou.
O governo dos EUA e outras associações relacionadas à saúde no país recomendam a ingestão de pelo menos cinco porções diárias de frutas e vegetais e o consumo de diversos tipos de grão.

Confusão
Segundo um estudo publicado pela nova sociedade, 19% das pessoas que fazem dietas estão tentando cortar carboidratos e 47% dos entrevistados acreditam que dietas com restrição de carboidratos ajudam a perder peso sem cortar calorias. De acordo com a pesquisa, aqueles que seguem dietas pobres em carboidratos fazem escolhas erradas na sua alimentação -50% aumentaram o consumo de carne, 30%, de bacon, e 43% comem menos frutas.
"Eles [a população] estão confusos. Falta um entendimento básico de ciência", disse Barbara Moore, presidente da Shape up America, uma das associações que fazem parte do novo grupo.
Além disso, "os consumidores estão pagando um preço por esse estilo de vida", disse Alison Rein, da Liga Nacional dos Consumidores. Segundo a entidade, pessoas em dieta gastam cerca de US$ 85 por mês com os chamados produtos "de baixo carboidrato", mesmo sem a avaliação e regulação da FDA (agência que regulamenta remédios e alimentos).
O estudo, feito por telefone com 1.017 adultos maiores de 18 anos nos Estados Unidos entre os dias 10 e 13 deste mês, foi conduzido por uma empresa de pesquisa de opinião e tem margem de erro de 3,1 pontos percentuais para cima ou para baixo.


Com agências internacionais


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