São Paulo, Quinta-feira, 24 de Junho de 1999
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CRISE NA CAXEMIRA
Extremistas hindus, que participam do governo da Índia, querem que país use suas armas atômicas
Grupo defende ataque nuclear ao Paquistão

das agências internacionais

Extremistas hindus pediram ontem ao governo da Índia que ataque o Paquistão com bombas nucleares para pôr fim à crise militar na região da Caxemira.
"Levanta, Atal Bihari (primeiro-ministro da Índia). Depois de tudo, para que fizemos a bomba? Só para testá-la com êxito?", disse a Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS, Associação de Voluntários Nacionais), organização nacionalista da qual o premiê indiano foi membro e à qual pertencem diversos líderes do governo.
"Já basta, agora vamos dar uma lição neles (nos paquistaneses)", afirma o editorial da publicação "Panchajanya", da RSS. Os extremistas disseram ao premiê indiano que ele poderia escrever o "último capítulo" de uma "série de agressões do Paquistão contra a Índia".
O vice-presidente do partido nacionalista Bharatiya Janata (BJP, que lidera o governo indiano), J.P. Mathur, disse ser contra a posição defendida pela organização.
A tensão na Caxemira preocupa a comunidade internacional, que teme mais uma guerra entre Índia e Paquistão, que hoje são potências nucleares. Os dois países já travaram três guerras.
Os EUA disseram que a região se tornou "mais perigosa e explosiva" devido aos testes com armas atômicas que esses países realizaram no ano passado.
"Não posso dizer que não poderia haver uma guerra", disse o ministro do Interior da Índia, Lal Krishna Advani, número 2 do governo nacionalista. Ele classificou o Paquistão como "um Estado maligno e irresponsável".

Versão paquistanesa
O Paquistão acusa o governo de Nova Déli de tentar promover um conflito externo para desviar a campanha eleitoral da crise interna e criar uma situação política favorável ao governo nacionalista. O país terá eleições para o Parlamento em setembro.
O chefe do Exército paquistanês, general Pervez Musharraf, disse que as possibilidades de paz são cada vez menores devido à "atitude ameaçadora" da Índia. Segundo ele, as forças paquistanesas estão prontas para enfrentar "qualquer eventualidade".
Para o chefe do Exército indiano, general V.P. Malik, não há "dúvida alguma" de que as invasões na área da Caxemira sob controle da Índia, iniciadas em maio, foram "decididas, planejadas e realizadas por soldados paquistaneses".
O Paquistão nega as acusações e diz que os separatistas são habitantes da região e simpatizantes que lutam pela secessão da Caxemira sob controle indiano.
Os combates na Caxemira, desde maio, causaram a morte de 165 indianos e de 339 paquistaneses, segundo a Índia. O Paquistão diz que o confronto matou 400 soldados indianos e 76 paquistaneses.



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