São Paulo, Quinta-feira, 24 de Junho de 1999
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INTOXICAÇÃO
Empresa terá de usar novos lotes de matéria-prima e limpar as instalações suspeitas de contaminação
Bélgica libera produção e venda de Coca-Cola

HAROLDO CERAVOLO SEREZA
de Paris

O governo da Bélgica liberou ontem a produção e a comercialização dos refrigerantes Coca-Cola, Fanta e Sprite, suspensas havia nove dias devido a casos de intoxicação.
A partir de hoje, as duas fábricas instaladas no país -em Antuérpia e Gand- devem retomar a produção de refrigerantes.
A importação de bebidas da fábrica de Dunquerque (norte da França) continua proibida, assim como a venda em máquinas automáticas. A liberação dos produtos aconteceu um dia depois de a Coca-Cola publicar um pedido de desculpas aos consumidores belgas, assinado pelo presidente mundial da empresa, Douglas Ivester, que está em Bruxelas.
Para que fosse retomada a produção, o governo belga impôs várias condições, principalmente que a empresa use novos lotes de matéria-prima e realize uma completa limpeza de suas instalações.
Em 8 de junho, 40 crianças belgas passaram mal após beberem Coca-Cola, dando início à crise que abalou a imagem da empresa.
Sentindo dores-de-cabeça e com problemas digestivos (vômitos e diarréias), mais de 200 pessoas foram hospitalizadas na Bélgica, França e Luxemburgo, após consumir refrigerantes da Coca-Cola.
Na França, não houve uma proibição total da venda dos refrigerantes. O governo decidiu retirar do mercado apenas as latas fabricadas em Dunquerque (cerca de 50 milhões). As produzidas em Marselha (sul) continuaram a ser vendidas, bem como as garrafas.
Segundo a Coca-Cola, houve problemas em duas unidades: em Antuérpia, teria sido utilizado um gás carbônico inadequado, contendo sulfeto de hidrogênio. Em Dunquerque, o lado exterior de um lote de latas teria sido contaminado por um fungicida aplicado nos engradados.
Os laboratórios oficiais franceses, até agora, não encontraram resíduos do fungicida em quantidade suficiente para explicar os problemas ocorridos no país.
O governo francês adiou para hoje a decisão de liberar ou não a produção. Um dos motivos para a demora é a abertura de investigação para determinar as causas da contaminação.
A Direção Geral do Consumo, Concorrência e Repressão de Fraudes teria enviado notificação informando que uma empresa que presta serviços à Coca-Cola usou raticida nos locais de estocagem.
"Nesta época, as empresas encarregadas da desinfecção dos locais em que são estocadas as bebidas podem recorrer a esse tipo de produto", disse Jean François Narbonne, ligado à Agência Francesa de Segurança Sanitária de Alimentos, segundo o jornal "Le Monde".


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