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Prorrogação do Patriot Act acirra debate nos EUA
LUCIANA COELHO
DA REDAÇÃO
A discussão sobre o direito
do governo de delimitar as liberdades civis de seus cidadãos
em nome da segurança da nação se acirrou nos EUA nesta
semana com a aprovação, pela
Câmara, da extensão do Patriot
Act. Trata-se de um passo largo
para tornar permanente medidas que dão ao governo o direito de, entre outras coisas, deter
"testemunhas materiais" por
prazo indeterminado e sem
mandado e de conduzir buscas
em casas e estabelecimentos
comerciais sem informar o
proprietário.
A legislação, criada logo após
o 11 de Setembro com o objetivo de fortalecer a segurança do
país contra o terrorismo, tinha
caráter provisório e expiraria
no fim deste ano. Com a chancela da Câmara à sua extensão,
os grupos de defesa das liberdades civis que protestam contra a legislação depositam suas
últimas esperanças no Senado
para atenuar os poderes extras
conferidos ao governo em nome da guerra ao terror.
"Essa legislação, problemática desde o início, falha em proteger nossas liberdades mais
fundamentais", declarou em
comunicado à imprensa, após
a aprovação pela Câmara, Lisa
Graves, conselheira sênior da
Aclu (União Americana pelas
Liberdades Civis) para estratégia legislativa. Desde o ano passado, o grupo patrocina uma
intensa campanha de mídia defendendo a reforma da legislação antiterror.
Os defensores do Patriot Act,
por sua vez, afirmam que ele
reduziu as barreiras burocráticas e permitiu acelerar a velocidade de investigações envolvendo suspeitos de terrorismo.
Mas a Aclu, citando exemplos, acusa o governo de abusar
dos poderes adquiridos para
bisbilhotar a vida de cidadãos
sem ter provas de que existe
envolvimento com terrorismo.
O grupo também criticou a liderança da Câmara por acelerar o processo de votação na última quinta -foi apenas um
dia de debate, embora este tenha se estendido por nove horas. "Se tivessem a chance de
votar emendas que protegeriam nossa liberdade civil e de
evitar que esses poderes intrusivos se tornem permanentes,
legisladores mais equilibrados
teriam se pronunciado a favor
da liberdade", disse Graves.
As propostas de emenda que
restringiam em alguma medida os poderes extras dados ao
Executivo foram derrubadas, e
das 16 provisões examinadas,
apenas duas não foram aprovadas em caráter permanente: a
que dá ao governo acesso a registros de bibliotecas e transações comerciais e a que permite
o monitoramento de e-mails e
outras formas de comunicação
via internet. Ambas foram
prorrogadas por dez anos.
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