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García aprova lei contra direito a greve
Após paralisação de professores e agricultores, presidente do Peru proíbe apoio à greve por funcionários com poder de decisão
Com poderes especiais outorgados pelo Congresso, peruano isenta militares e policiais que matarem em ação de responsabilidade
DA REDAÇÃO
O governo peruano promulgou na noite de anteontem uma
série de leis que proíbe, sob pena de destituição, funcionários
públicos com poder de decisão
ou em cargo de confiança de
participar de greves e declarou
isentos de responsabilidade
policiais e militares que ferirem ou matarem pessoas durante ação repressiva.
As medidas promulgadas pelo presidente Alan García coincidem com uma onda de protestos coordenada principalmente por professores e agricultores -e comandada, em alguns casos, por governadores
do sul do país- que deixou três
mortos, cerca de trinta feridos
e 300 manifestantes presos, em
um momento em que a popularidade do centro-esquerdista
atinge seu pior nível.
As novas leis -que o presidente promulgou graças aos
poderes extraordinários recebidos do Congresso em abril
para legislar sobre medidas ligadas à segurança- geraram
controvérsia no país por serem
consideradas "autoritárias" pela oposição e por juristas.
A ministra da Justiça, María
Zavala, afirmou que a norma
sobre participação em greves
atinge membros do governo,
congressistas, governadores,
prefeitos e funcionários de alto
escalão dos ministérios. Ela
disse que a medida "se sustenta
no artigo 42 da Constituição,
que proíbe funcionários do Estado de aderirem a uma greve".
A decisão ainda provocou críticas de governadores, que afirmaram que ela serve apenas
para provocar mais atritos entre o governo central e os regionais. "É uma medida dura, extrema e inclusive repressiva",
declarou Vladimir Huaroc, governador de Junín (sul). Huaroc afirma que a norma é perigosa pois está "modificando direitos, como o direito à greve,
garantido pela Constituição".
Outra medida controversa
promulgada é a inimputabilidade de membros do Exército
"que causem lesões ou morte
no cumprimento do dever". Segundo Zavala, a lei foi adotada
porque "as forças de ordem devem ter segurança jurídica que
garanta a intervenção".
"Isso pode ser interpretado
como um convite para usar as
armas", afirmou o jurista Mario
Amoretti ao jornal peruano "La
República". "Nem Alberto Fujimori (1990-2000) ditou leis tão
duras e perigosas."
Com agências internacionais
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