São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2007

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Sarkozy chega aos 100 dias ainda popular

Aprovação do presidente da França, embora em queda, é de 61%, mas problemas começam a se avolumar no horizonte

Com um estilo frenético, chefe do Executivo francês terá de contornar crise dos mercados e administrar déficit em crescimento

Thomas Coex/France Presse
Sarkozy ao sair do palácio do governo; segunda etapa das reformas econômicas, a ser apresentada hoje, deve gerar conflitos


DA REDAÇÃO

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, chegou ontem ao seu centésimo dia de governo no que pode ser o fim de uma lua-de-mel com o povo francês. Seu estilo frenético, que fez o periódico "L'Express" compará-lo a uma "bicicleta sem freio", rendeu-lhe popularidade: segundo pesquisa do Instituto Ipsos divulgada nesta semana, 61% dos franceses aprovam as ações de seu presidente de centro-direita.
O segredo do sucesso de Sarkozy seria sua abertura em relação à oposição -ele recrutou nomes de peso da esquerda para formar o governo- e seu empenho público em cumprir as promessas de campanha, segundo Pierre Giacometti, diretor do Ipsos na França.
De fato, Sarkozy obteve algumas vitórias em seus primeiros dias de mandato. Entre as quais a desestabilização da oposição socialista, que ficou sem rumo ao ver colegas veteranos comporem o gabinete e outras instâncias do governo. Além disso, ele conseguiu iniciar reformas que havia prometido em campanha, como a redução da carga tributária e a desoneração do pagamento de horas extras, sem mencionar a aprovação de penas mais duras para criminosos reincidentes.
Tudo isso facilitado pela maioria que o seu partido, o UMP, obteve no Parlamento nas eleições de junho.
Contaram para a imagem de presidente ativo também suas aparições e ações em Bruxelas, tentando fazer ressurgir das cinzas a iniciativa de uma Constituição para a União Européia, e a recente libertação das cinco enfermeiras e do médico búlgaro que foram condenados na Líbia por supostamente contaminarem crianças do país com o HIV. E até mesmo uma reaproximação do presidente dos EUA, George W. Bush, de resultados duvidosos quanto à popularidade, parece não o ter prejudicado.
Sarkozy deve começar e enfrentar, porém, tempos mais difíceis. A começar por hoje, quando está prevista a apresentação do próximo estágio das reformas econômicas que julga necessárias para colocar a França novamente na rota do crescimento econômico -de apenas 0,3% no segundo trimestre deste ano. Entre elas estão a maior flexibilização dos contratos de trabalho e a diminuição dos poderes dos sindicatos -ao que, naturalmente, eles e a esquerda se oporão.

É a economia
Não que até agora Sarkozy só tenha voado em céu de brigadeiro. Ela já foi forçado a fazer acordos políticos, como no caso de uma reforma concedendo mais autonomia às universidades, que não foi aprovada com a amplitude que pretendia, e as leis para regulamentação de greves nos serviços públicos, também com concessões aos sindicatos. E sua alta taxa de aprovação, a maior de um presidente da 5ª República desde De Gaulle, está decrescendo.
Além disso, a atual crise nos mercados financeiros deve jogar contra sua intenção de acelerar a economia do país. E o déficit público deve aumentar em 0,6% do PIB neste ano, segundo estima o banco de investimentos Barclays Capital -um flanco que já está sendo explorado pela oposição: "Após o período da graça, virá a conta a ser paga pelo Estado", declarou François Hollande, líder do Partido Socialista e ex-companheiro da candidata derrotada por Sarkozy, Ségolène Royal.


Com agências internacionais e o "Financial Times"


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