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Sarkozy chega aos 100 dias ainda popular
Aprovação do presidente da França, embora em queda, é de 61%, mas problemas começam a se avolumar no horizonte
Com um estilo frenético, chefe do Executivo francês terá de contornar crise dos mercados e administrar déficit em crescimento
Thomas Coex/France Presse
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Sarkozy ao sair do palácio do governo; segunda etapa das reformas econômicas, a ser apresentada hoje, deve gerar conflitos |
DA REDAÇÃO
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, chegou ontem
ao seu centésimo dia de governo no que pode ser o fim de
uma lua-de-mel com o povo
francês. Seu estilo frenético,
que fez o periódico "L'Express"
compará-lo a uma "bicicleta
sem freio", rendeu-lhe popularidade: segundo pesquisa do
Instituto Ipsos divulgada nesta
semana, 61% dos franceses
aprovam as ações de seu presidente de centro-direita.
O segredo do sucesso de Sarkozy seria sua abertura em relação à oposição -ele recrutou
nomes de peso da esquerda para formar o governo- e seu empenho público em cumprir as
promessas de campanha, segundo Pierre Giacometti, diretor do Ipsos na França.
De fato, Sarkozy obteve algumas vitórias em seus primeiros
dias de mandato. Entre as quais
a desestabilização da oposição
socialista, que ficou sem rumo
ao ver colegas veteranos comporem o gabinete e outras instâncias do governo. Além disso,
ele conseguiu iniciar reformas
que havia prometido em campanha, como a redução da carga
tributária e a desoneração do
pagamento de horas extras,
sem mencionar a aprovação de
penas mais duras para criminosos reincidentes.
Tudo isso facilitado pela
maioria que o seu partido, o
UMP, obteve no Parlamento
nas eleições de junho.
Contaram para a imagem de
presidente ativo também suas
aparições e ações em Bruxelas,
tentando fazer ressurgir das
cinzas a iniciativa de uma
Constituição para a União Européia, e a recente libertação
das cinco enfermeiras e do médico búlgaro que foram condenados na Líbia por supostamente contaminarem crianças
do país com o HIV. E até mesmo uma reaproximação do presidente dos EUA, George W.
Bush, de resultados duvidosos
quanto à popularidade, parece
não o ter prejudicado.
Sarkozy deve começar e enfrentar, porém, tempos mais
difíceis. A começar por hoje,
quando está prevista a apresentação do próximo estágio das
reformas econômicas que julga
necessárias para colocar a
França novamente na rota do
crescimento econômico -de
apenas 0,3% no segundo trimestre deste ano. Entre elas estão a maior flexibilização dos
contratos de trabalho e a diminuição dos poderes dos sindicatos -ao que, naturalmente,
eles e a esquerda se oporão.
É a economia
Não que até agora Sarkozy só
tenha voado em céu de brigadeiro. Ela já foi forçado a fazer
acordos políticos, como no caso
de uma reforma concedendo
mais autonomia às universidades, que não foi aprovada com a
amplitude que pretendia, e as
leis para regulamentação de
greves nos serviços públicos,
também com concessões aos
sindicatos. E sua alta taxa de
aprovação, a maior de um presidente da 5ª República desde
De Gaulle, está decrescendo.
Além disso, a atual crise nos
mercados financeiros deve jogar contra sua intenção de acelerar a economia do país. E o
déficit público deve aumentar
em 0,6% do PIB neste ano, segundo estima o banco de investimentos Barclays Capital
-um flanco que já está sendo
explorado pela oposição: "Após
o período da graça, virá a conta
a ser paga pelo Estado", declarou François Hollande, líder do
Partido Socialista e ex-companheiro da candidata derrotada
por Sarkozy, Ségolène Royal.
Com agências internacionais e o "Financial Times"
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