São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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GUERRA À VISTA

Para americanos, declaração iraquiana contra nova resolução da ONU é prova de que país não quer vistorias

EUA acusam Bagdá de recuar sobre inspeção

DA REDAÇÃO

Os EUA acusaram ontem o Iraque de voltar atrás na promessa feita na semana passada às Nações Unidas de permitir o retorno incondicional das inspeções de armamentos ao país, e o presidente George W. Bush advertiu a ONU de que ela perderá credibilidade se não aprovar uma dura resolução contra o Iraque.
Em Londres, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse aos seus ministros, em uma reunião de gabinete, não ter dúvidas de que o ditador Saddam Hussein desenvolve armas de destruição em massa e precisa ser detido.
"Não cabe ao Iraque decidir se o CS [Conselho de Segurança" vai aprovar uma nova resolução nem decidir que tipo de regime de inspeções o CS aprovará", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Richard Boucher, em referência às declarações do governo iraquiano de que não aceitará uma nova resolução.
"As declarações recentes do Iraque são apenas mais uma prova de que o país já está voltando atrás em seus compromissos de permitir as inspeções sem condições prévias", disse Boucher.
O Iraque alega que uma nova resolução contrariaria um acordo feito com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Em 1998, o CS aprovou um acordo que impedia o acesso das inspeções de armas aos palácios presidenciais.
Annan negou ontem que o fato tenha gerado desavenças entre ele e o governo americano. Anteontem, o "New York Times" havia publicado que os EUA teriam ficado "furiosos" com o episódio.
Bush disse ontem que a questão do Iraque é um "teste" para a autoridade da ONU. "Quero ver resoluções fortes saindo da ONU, que digam que os velhos tempos de enganos já eram, que façam esse homem prestar contas e que permitam que os países amantes da paz possam desarmar Saddam Hussein antes que ele ameace seus vizinhos, a liberdade, a América e a civilização", disse Bush.
O presidente americano já declarou que os EUA agirão por conta própria se o CS não aprovar uma resolução que permita uma ação militar caso as inspeções não alcancem o seu objetivo.
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Ivanov, disse que o seu país não se opõe a uma nova resolução que torne as inspeções no Iraque mais eficientes. Para ele, as negociações sobre uma nova resolução devem seguir paralelamente ao trabalho de inspeção.
Na semana passada, a Rússia havia se declarado contrária a uma nova resolução. Para aprovar uma resolução, é necessário o apoio de nove dos 15 membros do CS, incluindo os cinco membros permanentes, que têm poder de veto -EUA, Reino Unido, França, China e Rússia.
Blair deve divulgar publicamente hoje um dossiê, apresentado ontem aos seus ministros, com supostas provas de que Saddam Hussein está desenvolvendo armas de destruição em massa. Ele enfrenta a oposição de membros de seu próprio Partido Trabalhista e tenta convencê-los a apoiar uma ação militar contra o Iraque.


Com agências internacionais

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