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IRAQUE SOB TUTELA
Secretário da Defesa dos EUA, porém, afirma que pleito pode ser limitado por questões de segurança
Bush e Allawi confirmam eleição de janeiro
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, e o premiê iraquiano interino, Iyad Allawi, confirmaram
ontem que o Iraque terá eleições
em janeiro, como previsto, apesar
da crescente violência no país.
Em tom de agradecimento pela
atuação dos EUA, o premiê afirmou, no Congresso americano,
em Washington, que "estamos
obtendo sucesso no Iraque" e que
as eleições ocorrerão no prazo
pois os iraquianos assim desejam.
"Não haverá sucesso maior para
os terroristas se atrasarmos, nem
golpe maior quando as eleições
acontecerem, como irão, dentro
do prazo", disse Allawi, para
quem o pleito já poderia ocorrer
hoje em 15 das 18 Províncias.
"As eleições iraquianas podem
não ser perfeitas. Podem não ser
as melhores eleições que o Iraque
terá. Sem dúvida, elas serão uma
desculpa para o uso de violência
por aqueles que menosprezam a
liberdade. Mas elas irão acontecer
e serão livres e justas", disse.
"Não nos intimidaremos, a liberdade está ganhando. Senhor
premiê, a América ficará com você até que a liberdade e a justiça
tenham prevalecido", disse Bush
após reunião com o premiê na
Casa Branca. "Minha mensagem
é que seguiremos firme. É nosso
interesse nacional."
Horas depois, no entanto, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, admitiu a possibilidade de
que o Iraque realize apenas eleições limitadas em janeiro, excluindo locais em que a violência
seja considerada severa demais
para que a população vote.
"Digamos que você tentou ter
eleições e que você pôde realizá-las em três quartos ou quatro
quintos do país. Mas em alguns
lugares você não pôde porque a
violência era demais", disse
Rumsfeld em uma audiência no
Senado americano.
"Bom, que seja. Nada é perfeito
na vida, então você tem uma eleição que não é tão perfeita. É melhor do que não realizar uma eleição? Pode apostar", afirmou.
Para o secretário, no entanto,
Allawi está correto em dizer que
as eleições ocorrerão em janeiro.
"Eles atenderam todas as exigências políticas. Estão fazendo progresso num momento em que extremistas estão cortando as cabeças das pessoas", afirmou.
Guerra civil
As afirmações de Rumsfeld
ocorrem em um contexto de crescente preocupação com a questão
de segurança no Iraque. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan,
um possível adiamento do pleito
por causa da violência, enquanto
os próprios EUA, segundo relatório de inteligência, já trabalham
com um cenário de "guerra civil
generalizada" no país.
Ontem, fontes ligadas ao principal líder xiita iraquiano, Ali Al Sistani, afirmaram que o clérigo teme que as eleições não saiam em
janeiro. Sistani reclama mudanças que aumentem a representatividade dos xiitas no cenário político, que, segundo ele, está dominado por aqueles que apóiam os
americanos.
"Dívida de gratidão"
O discurso de Allawi aos parlamentares americanos foi pontuado de agradecimentos ao papel
dos EUA no Iraque. "Nós iraquianos sabemos que os americanos
fizeram e continuarão fazendo
enormes sacrifícios para liberar o
Iraque. Vim aqui para agradecer e
prometer que seus sacrifícios não
foram em vão", afirmou.
"Não há palavras para expressar
a dívida de gratidão que as futuras
gerações de iraquianos terão com
os americanos", afirmou. "Hoje,
nós estamos melhores, vocês estão melhores e o mundo está melhor sem Saddam Hussein", disse
Allawi, para concluir: "Obrigado,
América".
As declarações de Bush e Allawi
foram criticadas pelo candidato
democrata à Presidência dos
EUA, John Kerry.
"O premiê e o presidente estão
obviamente tentando "salvar a cara". Mas o fato é que as estimativas
da CIA, as operações de campo e
as tropas todas dizem uma história diferente", afirmou.
Com agências internacionais
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