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"É a minha última chance, sr. Blair", implora refém
DA REDAÇÃO
O britânico Kenneth Bigley, que
está seqüestrado no Iraque, implorou em vídeo exibido ontem
na internet para que o premiê
Tony Blair faça algo para impedir
a sua execução. Familiares dele
também fizeram apelos dramáticos pela sua libertação.
Apesar da pressão, o governo
britânico disse que descarta a hipótese de negociar com terroristas, que já decapitaram dois reféns americanos -um na segunda-feira e outro na terça-feira.
Em vídeo divulgado pelos seqüestradores, Bigley, 62, fez um
apelo direto a Blair para que a sua
vida seja salva, atendendo à exigência feita pelos terroristas, de
que todas as mulheres iraquianas
presas no Iraque sejam libertadas.
"Eu preciso que você me ajude
agora, sr. Blair. Eu não mereço
morrer", afirmou Bigley. "Preciso
que seja piedoso, como o sr. sempre disse que foi", apelou.
"Esta é possivelmente a minha
última chance. Por favor, ajude-me a rever a minha mulher, o meu
filho e a minha mãe. Eu não quero
morrer", implorou o refém britânico, vestido com um uniforme
laranja, tal qual os dois americanos assassinados. Essa vestimenta
é a alusiva à usada pelos prisioneiros muçulmanos na prisão dos
EUA em Guantánamo (Cuba).
"Por favor, por favor, por favor,
liberte as mulheres que estão nas
prisões iraquianas. Por favor, ajude-as", disse, em meio a crises de
choro.
Bigley e os os americanos Eugene Armstrong e Jack Hensley foram seqüestrados na semana passada por um grupo terrorista comandado pelo jordaniano Abu
Musab al Zarqawi, o principal
mentor do terrorismo no Iraque,
com vínculos com a Al Qaeda.
Os dois reféns americanos foram decapitados. Armstrong na
segunda-feira, após expirar um
primeiro ultimato de 48 horas, e
Hensley na terça-feira, após fim
de novo prazo de 24 horas para
que as mulheres fossem soltas.
Não há novo ultimato divulgado.
A mãe de Bigley, Elizabeth, 86,
implorou aos seqüestradores para que o seu filho seja libertado.
"Por favor, vocês poderiam ajudar o meu filho? Ele é apenas um
trabalhador que quer sustentar a
família. Tenham piedade do meu
Ken e enviem-no de volta para casa vivo. A família precisa dele. Eu
preciso dele", afirmou Elizabeth
em uma mesa, sentada entre dois
irmãos de Bigley, sem conseguir
segurar as lágrimas. Elizabeth,
que tem problemas cardíacos,
passou mal no final do dia e teve
de ser internada num hospital.
Phil, irmão de Bigley, disse que a
família tentou isolar a mãe da imprensa, mas "agora ela pediu para
fazer algo que pudesse ajudar. É a
ligação que existe entre uma mãe
e o filho que a levou a fazer o apelo
aos seqüestradores de Ken", disse.
O gabinete de Blair disse que o
premiê telefonou ontem para a família de Bigley, em Liverpool, pela segunda vez em dois dias. Não
foi divulgado o teor da conversa.
Acreditando que qualquer concessão encorajará mais seqüestros, o governo britânico assumiu
linha dura publicamente, avessa à
negociação. Já nos bastidores, segundo a agência Reuters, utiliza
canais diplomáticos para tentar
ajudar na libertação do refém.
"Nós não podemos barganhar
com os terroristas" disse o chanceler britânico Jack Straw.
Blair, por um lado, não pode ceder aos militantes, pois atentaria
contra os princípios de seu governo, mas, por outro, sabe que, se
algo Bigley for assassinado, seu
governo enfrentará oposição ainda mais forte em relação a sua
participação no Iraque.
Há apenas duas mulheres detidas no Iraque, ambas ligadas aos
programas de armas biológicas de
Saddam Hussein. A libertação de
uma delas é discutida entre os
EUA e o governo iraquiano em
ato não conectado aos seqüestros.
Insurgência
O vice-presidente da companhia petrolífera North Oil Company, Sana Toma Suleiman, foi
morto ontem por atiradores
quando deixava a sua casa em
Mossul, no norte do Iraque. Ele
havia sobrevivido a outras duas
tentativas de assassinato.
Com agências internacionais
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