São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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Itália questiona anúncio de mortes

DA REDAÇÃO

O premiê italiano, Silvio Berlusconi, afirmou ontem que é preciso cautela antes de confirmar se as duas italianas seqüestradas no Iraque estão vivas ou mortas.
Por enquanto, foram divulgados dois comunicados de distintos grupos terroristas anunciando a morte de Simona Pari e Simona Torreta. O primeiro, denominado Jihad Islâmico do Iraque, afirmou ter matado as duas em comunicado publicado na internet na noite de anteontem.
Ontem, foi a vez do grupo Apoiadores de Al Zawahiri (alusão ao terrorista egípcio Ayman al Zawahiri, número dois da Al Qaeda) anunciar que matou as "duas Simonas", como as voluntárias têm sido chamadas na Itália.
Essas duas organizações reivindicaram o seqüestro das voluntárias no dia 7. Uma delas exige que sejam soltas todas as mulheres presas no Iraque e a outra pede a retirada das tropas italianas.
Até ontem, não haviam sido sido encontrados os corpos das duas mulheres. Tampouco foi exibido o filme da morte delas -como tem sido comum nesse tipo de seqüestro no Iraque.
O governo Berlusconi informou que os comunicados dos grupos "não são confiáveis" e que as suas divulgações fazem parte de um campanha terrorista por meio da mídia. "Nós pedimos a máxima cautela, cuidado e responsabilidade", disse um comunicado em nome do premiê italiano.
O diário "L'Osservatore Romano", do Vaticano, escreveu em manchete: "Angústia e esperança". "Nós ainda não estamos resignados. Preferimos acreditar que o que começou na noite de ontem [anteontem] é apenas um pesadelo", escreveu o jornal.
Familiares e amigos das duas reféns aguardavam ontem notícias do Ministério das Relações Exteriores. "Espero que o anúncio [das mortes] seja falso", afirmou Anna Maria Torreta, avó de uma das Simonas.
Enzo Bianco, parlamentar italiano que comanda comissão que trata de serviços secretos, disse que as agências de inteligência indicam que os anúncios das mortes são completamente "não confiáveis". Mas ele acrescentou: "É preciso cautela porque essa será uma longa e complicada história. Uma guerra através da mídia está a caminho".
A reivindicação das mortes ocorre após duas semanas de intensos esforços diplomáticos de Berlusconi. Seu governo foi duramente criticado sob a acusação de não ter feito o suficiente para conseguir a libertação de um jornalista italiano no mês passado, que acabou assassinado. Desta vez foram enviadas duas missões para o Oriente Médio.
A maior parte dos partidos políticos italianos está unida nos esforços para a libertação das Simonas. A única exceção é o Partido Comunista, que disse que Berlusconi deve aproveitar o momento para retirar os 3.000 soldados italianos que integram a coalizão liderada pelos EUA no Iraque.
As duas voluntárias italianas foram ao Iraque para trabalhar em serviços educacionais em uma organização humanitária.

Libertação
A canadense Fairuz Yamulky foi libertada ontem no Iraque. O grupo terrorista que a havia seqüestrado exigiu que a companhia para a qual ela trabalha, denominada GSS, encerrasse suas operações no Iraque. A empresa fornece equipamentos para bases militares americanas. O grupo disse que a GSS cumpriu a exigência, mas a empresa não confirmou.
Cerca de 30 reféns estrangeiros já foram mortos por terroristas no Iraque desde abril.


Com agências internacionais


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