São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006

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Direita radical ganha força em atos e eleições

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE BUDAPESTE

No próximo domingo, haverá eleições municipais na Hungria. O foco das atenções é a capital, Budapeste, cujo prefeito, Gábor Demszky, está há 16 anos no cargo (a reeleição ilimitada é permitida no país) e é aliado do primeiro-ministro Ferenc Gyurcsany. Com os protestos contra Gyurcsany, do Partido Socialista, na última semana, o partido de extrema-direita mais conhecido, o Fidesz, tem ganho apoio popular.
Em fita vazada para a imprensa, Gyurcsany foi flagrado admitindo que o governo maquiou números da economia e mentiu para ganhar as eleições de abril, o que detonou as manifestações. "E agora", diz ele na gravação, "todos devem se empenhar para promover as reformas orçamentárias necessárias".
O Fidesz é acusado pelo governo de encorajar grupos radicais da extrema-direita, como os neonazistas, a promover atos violentos durante os protestos. O partido responde oficialmente que "a idéia é um absurdo, apenas mostra que o país está sem controle e governo".

Mais protestos
Ontem, cerca de 20.000 manifestantes, alguns deles ligados a outro grupo de extrema direita, o Jobbik, se reuniram em frente ao Parlamento. Um dos oradores do ato foi um bispo protestante, Laszlo Toekes, conhecido pela militância ultranacionalista. "Quem é culpado?", perguntou ele, "quem incendeia um carro ou quem destrói a nação inteira?"
"Somos um país pacífico, as pessoas não gostam de violência, muita gente que eu conheço nem sequer sabia que existiam neonazistas aqui", lamenta o empresário Levente Nanasy. "Falam em fazer reformas duras, mas e o que estava ocorrendo antes, esses aumentos de impostos? Para onde foi o dinheiro?", indaga.
Nesta semana, Gyurcsany e uma comitiva oficial devem levar a Bruxelas (sede da Comissão Européia) a versão final do plano de reformas que o governo deve implementar, a fim de que a Hungria cumpra as exigências da União Européia para reduzir seu déficit público, um dos maiores do bloco. Em entrevista à agência estatal, o premiê voltou a afirmar que não haverá novos aumentos de impostos. A população húngara, no entanto, já ouviu essa promessa outra vezes. (PR)


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