São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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Estudante mata 10 em escola na Finlândia

Após atirar com pistola automática em sala com 20 alunos, jovem troca tiros com polícia e dispara contra própria cabeça

Matti Juhani Saari havia sido interrogado e liberado pela polícia um dia antes devido a vídeos na internet em que descarregava arma

Antti Aimo-Koivisto/Lehtikuva/Reuters
Menina acende vela em frente à escola que foi palco de segundo massacre em menos de 1 ano na Finlândia, na cidade de Kauhajoki

DA REDAÇÃO

Dez pessoas foram mortas ontem por um estudante de 22 anos que invadiu uma escola técnica em Kauhajoki, interior da Finlândia (350 km de Helsinque), e abriu fogo com uma pistola automática. O atirador, que morreu horas após atirar contra a própria cabeça, vinha postando vídeos na internet em que aparecia praticando tiro e fazendo ameças de morte.
Matti Juhani Saari, como foi identificado, havia sido interrogado pela polícia finlandesa um dia antes por causa dos vídeos, postados no site "YouTube". Mas ele foi liberado porque não havia razão legal para detê-lo ou para confiscar sua arma, segundo a ministra do Interior da Finlândia, Anne Holmlund.
De acordo com relatos, Saari estava vestido de preto, com uma máscara de esqui cobrindo o rosto, uma pistola automática Walther P22 em uma mão e uma pesada mochila na outra.
Às 11h locais -5h em Brasília-, ele entrou em uma sala da Escola de Hospitalidade de Kauhajoki, onde 20 alunos faziam exame, e começou a atirar, matando nove.
Ele então carbonizou os corpos das vítimas, supostamente com material trazido na mochila, e seguiu para outras partes do prédio atirando, ainda de acordo com relatos. A causa da décima morte é atribuída a um princípio de incêndio, causado por tiros ou por artefatos explosivos, segundo versões conflitantes. Há ainda dois feridos.
O prédio, onde se encontravam entre 150 e 200 alunos no momento do massacre, a maioria em torno de 20 anos, foi então esvaziado e, antes de atirar contra a sua cabeça, Saari trocou tiros com a polícia, que já se encontrava do lado de fora. Ele resistiu mais seis horas, mas acabou morrendo no hospital para onde foi levado.

"Adeus"
Nos vídeos, de poucas semanas atrás, Saari aparece em roupas pretas ou escuras e muitas vezes atirando. No seu perfil, citou a letra da música "War", da banda alemã Wumpscut: "Toda a vida é guerra e toda a vida é dor, e você lutará sozinho na sua guerra pessoal. Guerra. Isso é guerra!" Em um vídeo recente, descarrega uma arma em uma pista de tiro, dirige-se à câmera e diz "adeus".
Segundo a polícia, Saari deixou uma nota em seu apartamento, cujo conteúdo não foi divulgado. "Nessa mensagem, ele diz que detesta a raça humana e que havia planejado [o ataque] desde 2002", disse o inspetor Jari Neulaniemi.
O primeiro-ministro Matti Vanhanen reagiu dizendo que o país deveria considerar a possibilidade de banir de uma vez o uso de armas de mão. "Não é suficiente falar de limite de idade ou entrevistas... após dois trágicos incidentes, temos que discutir se civis podem ser autorizados a ter armas. Devemos endurecer a lei de maneira significativa", disse à televisão.
Com 5,3 milhões de habitantes, a Finlândia é um dos países com os melhores indicadores sociais do mundo e ocupa o 5º lugar no ranking de percepção de corrupção da Transparência Internacional. Seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é de 0,952 -o 11º; o Brasil é o 70º, com 0,800.
Após o massacre de Jokela, o governo anunciou que adotaria uma regra da União Européia que proíbe a posse de arma a menores de 18 anos, o que não ocorreu. A Finlândia, que tem 55 armas de fogo por cem habitantes, permite a posse aos 15.
"O atirador tinha licença provisória para uma pistola de calibre 22, obtida em agosto deste ano. Era sua primeira arma", disse Holmlund.


Com agências internacionais


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