São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2010

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Protestos pela previdência param a França

Trabalhadores param de trabalhar e exigem que idade mínima não seja modificada

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os trabalhadores franceses voltaram a cruzar os braços. Quase um milhão de pessoas, segundo o governo, protestaram ontem contra mudanças nas regras da previdência. Os sindicatos afirmam que foram três milhões de manifestantes.
A população enfrentou problemas de mobilidade. Não houve gente o suficiente para operar o eficiente transporte. Trem, metrô e avião funcionaram com dificuldades. Só o ônibus se salvou.
Entre 40% e 50% dos voos, de acordo com a agência de aviação do país, foram cancelados. As viagens de trem entre as cidades francesas ficaram reduzidas ao equivalente à metade do realizado em dias normais.
O metrô funcionou com poucos funcionários. A presença de policiais foi reforçada nas estações para evitar que os terroristas se aproveitassem da paralisação. Soldados armados fizeram patrulha nos principais pontos de parada das composições.
Até mesmo as viagens de trem-bala foram prejudicadas. Houve menos trens para fazer o percurso que interliga França e Bélgica.
A principal central sindical dos professores afirmou que mais de 50% dos profissionais podem aderir à greve. O Ministério da Educação rebate a porcentagem e garante que esse número é menor, pouco mais de 25%.
Os sindicatos exigem que o governo desista, entre outras medidas, de aumentar a idade mínima para aposentadoria de 60 para 62 anos.
Outra reivindicação está na manutenção da idade para receber aposentadoria integral. O governo quer alterar de 65 para 67 anos.
"Estamos próximos do que queremos. Conseguimos recrutar de novo milhões de trabalhadores e levá-los para as ruas", disse Bernard Thibault, líder de uma das grandes centrais sindicais.
A justificativa do presidente Nicolas Sarkozy e de sua equipe é a necessidade de controlar o deficit crescente da previdência. A França tem a menor idade mínima da Europa para aposentadoria. Mesmo que os 62 anos sejam aprovados, continuará a ter, entre os europeus, a menor.
Como os "baby boomers", nascidos na explosão demográfica logo após a Segunda Guerra, estão atingindo a idade necessária para se aposentar e a expectativa de vida só aumenta, o governo insiste que a ausência de mudanças fará com que o sistema entre em colapso em 2018.
Parte da oposição, formada pelos partidos de esquerda, entende a aposentadoria aos 60 anos como um símbolo do sistema de bem-estar social. Para eles, a sociedade francesa não pode abrir mão desse direito adquirido.
A reforma passou por um voto pela Assembleia Nacional, mas ainda precisa vencer muitos obstáculos, incluindo as votações no Senado marcadas para 5 de outubro, antes de se tornar lei.


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