São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2004

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O IMPÉRIO VOTA - RETA FINAL

Previsão é que 20 milhões de americanos com menos de 30 anos votem neste ano

Eleitor jovem se mobiliza e é disputado como nunca

DE NOVA YORK

A possibilidade de tirar registro eleitoral pela internet e os temas em debate na atual eleição levaram um número recorde de jovens a se inscreverem para votar. O mesmo movimento deve ser visto nas urnas no próximo dia 2.
A organização apartidária Rock the Vote, que promove a prática cívica entre a população com menos de 30 anos, fixou a meta de registrar 1 milhão de novos eleitores neste ano. Até agora, já conseguiu 1,4 milhão. Nas últimas semanas em que os registros on-line foram permitidos, os sites da ONG e de seus parceiros -como os canais musicais MTV e BET- receberam 40 mil inscrições diárias. A tendência deve se repetir no dia da votação, nos Estados que aceitam inscrição no dia do pleito.
Com tamanho volume, a expectativa de que 20 milhões de jovens votem no próximo dia 2 deve ser facilmente superada. O número corresponde apenas à metade da população americana que tem entre 18 e 30 anos, mas representa um crescimento de 2 milhões sobre 2000 -exatamente a mesma taxa de crescimento da população jovem no período.
Para Jay Strell, coordenador de comunicação da Rock the Vote, é a maior participação jovem desde a eleição de 1992, vencida pelo democrata Bill Clinton.
"Nesta eleição há três assuntos que despertaram especial interesse dessa parte do eleitorado", diz. O primeiro são a guerra e a conseqüente possibilidade de alistamento obrigatório. O presidente George W. Bush negou que tenha a intenção de tornar a prática compulsória, mas a questão tomou a mídia, e os rumores se tornam cada vez mais fortes.
O segundo tema caro aos jovens é a assistência médica. "A maior parte desses novos eleitores está em uma lacuna de plano médico -eles não podem mais entrar no plano dos pais, mas ainda não têm um emprego bom o suficiente para pagar a assistência médica", afirma Strell. O terceiro, sem surpresa, são os altos custos da educação universitária.
Com isso, em vez de escolher seu candidato pelo partido, como normalmente faziam, os jovens estão fazendo sua opção com base nas posições de Bush e de seu adversário democrata, John Kerry, nesses três assuntos. Essa mudança de comportamento, diz Strell, tornou a disputa deste ano muito mais acirrada entre esse segmento do que no passado, quando a maior parte dos eleitores de até 30 anos votou nos democratas.
Pesquisa da revista "Newsweek" com eleitores de 18 a 30 anos deu 47% das preferências para Kerry e 45% para Bush. O candidato independente Ralph Nader ficou com 4% das intenções, o que, segundo Strell, representa uma piora do desempenho de sua candidatura, no passado vista como uma forma de exprimir descontentamento com o sistema. "Os jovens estão perdendo o interesse por Nader."
"É especialmente difícil traçar uma tendência entre esse público", diz Strell. "Ele costuma se decidir muito tarde."
Com a corrida em aberto, 20 milhões de votos jovens se tornaram especialmente atraentes. Ambos os partidos montaram iniciativas para esse segmento, e nunca os candidatos investiram tanto em anúncios de TV para essa faixa etária. Segundo Strell, neste ano os candidatos dedicaram cerca de US$ 8 milhões apenas para comprar tempo nos intervalos de programas jovens.
(LUCIANA COELHO)


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