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FHC admite possibilidade de elo
do terror com a tríplice fronteira
WILSON SILVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
O presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu ontem a
possibilidade de haver remessas
de dinheiro para organizações
terroristas a partir da região da
tríplice fronteira (Brasil, Paraguai
e Argentina), como noticia a revista "Time" desta semana.
"Pode haver remessa de dinheiro, mas também pode haver de
Paris, de Berlim, de Londres. Ninguém controla", disse ele, após fazer críticas a paraísos fiscais.
"Há muito paraíso fiscal pelo
mundo. Eu sou contra. Acho que
chegou o momento de os países
mais ricos acabarem com isso,
porque, enquanto houver paraíso
fiscal, existirá lavagem de dinheiro do narcotráfico e financiamento do terrorismo."
O presidente reiterou que, até o
momento, "não existe nenhuma
indicação nem da CIA (a agência
de inteligência dos EUA) nem dos
nossos serviços a respeito da existência de células terroristas na tríplice fronteira".
Quem também não descartou a
hipótese do uso da tríplice fronteira para lavagem de dinheiro foi
o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer.
"A região pode ter algum tipo
de problema. Estamos prontos a
examinar objetivamente as situações concretas, mas não posso falar sobre suposições. Não posso
corroborar informações não documentadas, mas também não
posso desconsiderar esse tema,
que é relevante", disse Lafer.
Segundo a "Time", investigações dos EUA indicam que parte
do financiamento do grupo terrorista Al Qaeda, liderado pelo terrorista saudita Osama bin Laden,
provém da tríplice fronteira.
Conforme a Folha publicou no
domingo passado, investigações
conjuntas dos governos paraguaio e americano indicam que
brasileiros de origem árabe, residentes na região de Foz do Iguaçu
(PR), mandaram dinheiro para
grupos terroristas no Oriente Médio via bancos paraguaios.
"Estamos prontos para receber
essas informações. Temos todo o
interesse em investigar", disse Lafer. O chanceler antecipou que a
11ª Reunião de Cúpula dos Países
Ibero-Americanos, iniciada ontem em Lima, aprovará hoje uma
declaração contra o terrorismo.
A declaração prevê "medidas de
cooperação regional e efetiva troca de informações", além de reiterar o compromisso dos 23 países
signatários de prender, processar,
julgar e extraditar, se for o caso,
acusados de terrorismo.
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