São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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ISRAEL

Dois suicidas palestinos morrem; Jihad Islâmico assume autoria

Ataque inédito de barco-bomba fere 4 israelenses

DA REDAÇÃO

Numa forma ainda inédita de terrorismo no conflito entre Israel e palestinos, dois suicidas palestinos explodiram ontem a embarcação carregada de bombas em que estavam, ao serem abordados por uma patrulha naval israelense no litoral de Gaza.
Os dois suicidas morreram. Na explosão ficaram feridos quatro marinheiros israelenses.
O grupo palestino radical Jihad Islâmico, em comunicado publicado no Líbano, reivindicou a autoria da ação, que provavelmente visava embarcações de maior porte da Marinha de Israel.
O comunicado palestino afirma que o barco israelense responsável pela intercepção afundou com a ação dos explosivos. A versão é negada por Israel, que afirma terem ocorrido apenas avarias.
Ao menos 1.677 palestinos e 662 israelenses morreram desde o reinício das hostilidades na região, em setembro de 2000, provocadas pelo impasse no processo de paz.
O episódio naval de ontem ocorreu ao mesmo tempo em que forças israelenses demoliam, em Belém, na Cisjordânia, casas de quatro ativistas das Brigadas de Al-Aqsa, ligadas à Fatah, à qual também pertence Iasser Arafat.
Forças israelenses afirmam estar atrás de 30 palestinos responsáveis pelo treinamento de homens-bomba em Belém.
Seis casas de conhecidos moradores na comunidade já foram destruídas desde sexta. Entre elas, a de Walid Sbeh, morto em julho, a de Atef Abayat, que morreu com a explosão de um carro-bomba em outubro do ano passado, e a de Mahmoud Salah, foragido.
A ocupação de Belém foi uma resposta ao atentado suicida pelo qual um palestino, na véspera, explodiu a si mesmo e matou 22 israelenses, entre eles quatro crianças. O atentado foi reivindicado pelo Jihad e pelo Hamas.
Ainda ontem, a rádio do Exército de Israel deu a versão oficial para a morte de um funcionário das Nações Unidas, de nacionalidade britânica, no campo de refugiados palestinos de Jenin.
Segundo a rádio, Ian Hook, 50, foi morto ao tirar do bolso um telefone celular que um soldado israelense acreditou ser uma granada. O soldado então o abateu. Seu corpo será autopsiado hoje e repatriado ao Reino Unido.
A morte de Hook provocara consternação na sede da ONU, em Nova York, onde o secretário-geral da organização, Kofi Annan, por meio de um porta-voz, declarou-se "consternado" pela notícia de que militares israelenses impediram a entrada de uma ambulância enviada a Jenin para resgatar o alto funcionário ferido.
O bloqueio da ambulância é, no entanto, controvertido. Militares israelenses negaram ontem que isso tenha ocorrido. Disseram ter providenciado uma ambulância, que chegou com presteza e já encontrou Ian Hook morto.
Cerca de 2.000 palestinos participaram ontem do enterro de um garoto de 11 anos, Mohammed Bilalu, morto durante a ação em Jenin porque atirava pedras contra soldados israelenses.


Com agências internacionais


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