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Evo reúne Constituinte em quartel
A três semanas do fim do prazo para redação da nova Carta, governistas recorrem a proteção armada
Opositores bolivianos boicotam os trabalhos; manifestantes antigoverno enfrentaram a polícia em Sucre, sede da Assembléia
Martin Alipaz/Efe
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Estudantes opositores enfrentam bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia em protesto contra Constituinte em Sucre; trabalhos recomeçaram ontem
DA REDAÇÃO
A três semanas do prazo final
para a redação da nova Carta
Magna da Bolívia, o partido governista MAS (Movimento ao
Socialismo) retomou ontem as
sessões da Assembléia Constituinte em um recinto militar a
8 km do centro de Sucre. A sessão ocorreu em meio a violentos confrontos entre policiais e
manifestantes antigoverno e
sem a participação da oposição.
A convocação no quartel foi
decidida pela líder do MAS, Silvia Lazarte, após as nove tentativas de retomar os trabalhos
no teatro Gran Mariscal, sede
oficial da Constituinte, que foram frustradas por protestos.
Ontem, grupos pró e contra o
governo se enfrentaram no local dos trabalhos, mas foram
contidos pela polícia.
Apesar do boicote da oposição, o MAS conseguiu reunir
145 membros da Constituinte,
acima do quórum mínimo (128
do 255 membros) para os trabalhos. A sessão estava marcada para as 14h locais (16h de
Brasília), mas teve atraso de
mais de duas horas.
Milhares de cidadãos de Sucre saíram às ruas em protesto
contra a convocação, que ocorreu sem a inclusão do polêmico
tema da definição da capital boliviana na agenda. A Constituinte não consegue funcionar
desde 15 de agosto, quando foi
derrubada uma proposta para
discutir justamente a transferência dos Poderes Legislativo
e Executivo de La Paz para Sucre -que já abriga a sede do Judiciário. A Assembléia Constituinte não conseguiu aprovar
nenhum artigo em 15 meses.
Sucrenses opositores ameaçaram ontem tomar "medidas
radicais" e prometeram desobediência à Assembléia. Os ativistas ergueram barricadas e
acenderam fogueiras perto do
Gran Mariscal, onde partidos
opositores fizeram reunião paralela, e os policiais responderam com bombas de gás lacrimogêneo. Duas pessoas ficaram feridas no confronto.
Governo
Simpatizantes do presidente
boliviano, Evo Morales, também se manifestaram. Em
Achacachi, 96 km a oeste de La
Paz, o grupo indígena Ponchos
Vermelhos enforcou e degolou
dois cachorros em público, em
represália a "oligarcas e prefeitos" de oposição. As imagens
foram transmitidas pela TV local e vários grupos de defesa
dos animais repudiaram o ato.
Com o impasse, o governo
vem endurecendo com a oposição. O vice-presidente boliviano, Álvaro Garcia Linera, já sugeriu opções controversas, como aprovar o texto da nova
Constituinte por maioria simples -hoje a aprovação exige
dois terços dos votos- ou votar
os pontos da Carta no Congresso sem a participação do Senado -dominado pela oposição.
A Constituinte foi uma das
principais promessas da campanha presidencial de Morales,
em 2005. A oposição paralisou
os trabalhos ao exigir maior autonomia para os departamentos e mudança da capital de La
Paz para Sucre, além de rejeitar
a reeleição sem limites.
No Senado, o governo enfrentou mais um embate ontem. A oposição aprovou, com
mudanças drásticas no texto
original, um projeto de lei proposto pelo governo para pagar
um bônus vitalício de entre
US$ 19,3 e US$ 25,8 mensais
aos maiores de 60 anos -cerca
de 680 mil pessoas. Os senadores, porém, eliminaram a fonte
de recursos sugerida por Morales, proveniente de um imposto
sobre hidrocarbonetos.
Retirar recursos do imposto
impactaria diretamente prefeituras, e autoridades de departamentos opositores haviam
anunciado "desobediência civil" contra a lei. O projeto deve
ser votado em cerca de 20 dias
pela Câmara dos Deputados, de
maioria governista. A expectativa é que ele será rejeitado.
Com agências internacionais
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