DA REDAÇÃO

O presidente boliviano, Evo Morales, levantou ontem o estado de sítio que vigorava no departamento de Pando (norte) desde 12 de setembro, dia seguinte a uma onda de violência política que resultou na morte de pelo menos 18 pessoas, a maioria camponeses, na cidade de Porvenir. Autoridades locais são acusadas do massacre.
Mas a estabilidade em Pando ainda é uma preocupação, segundo o ministro de Governo, Alfredo Rada, que anunciou um reforço no policiamento do departamento, de 1.500 militares e 200 policiais. O ex-governador do departamento, Leopoldo Fernández, quem a comissão da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) recentemente responsabilizou pelos incidentes de 11 de setembro, continua preso em La Paz.
A suspensão do estado de sítio resolve o último obstáculo legal para o referendo sobre a nova Constituição, em 25 de janeiro. A Corte Nacional Eleitoral boliviana havia ameaçado não organizar o referendo caso a medida não fosse retirada.
A aprovação da nova Carta, que revê, entre outras coisas, o regime de terras, foi um dos estopins dos violentos protestos promovidos em setembro por opositores a Morales, concentrados na chamada região da meia-lua. Em outubro, o presidente obteve um acordo com a oposição, liderada pelo governador do rico departamento de Santa Cruz, Rubén Costas, e convocou o referendo.