São Paulo, quarta, 24 de dezembro de 1997.




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AMÉRICA
Vantagens do casamento

GILBERTO DIMENSTEIN
Os números sobre desempre go nos Estados Unidos trazem poderoso argumento a favor do casamento.
Virou improbabilidade esta tística um homem casado fi car na rua por mais de três meses.
A média nacional já é baixa, precisamente 4,6%. Quando se analisam, porém, detalha damente certas categorias, o que é baixo transforma-se em quase inexistente.
Apenas 2,3% dos homens casados estão desempregados. Desse total, um terço fica sem salário apenas um mês; o res tante aguarda, em média, três meses até achar trabalho.

Explicação possível, com partilhada por numerosos psi cólogos e economistas respei táveis como Gary Becker, de Chicago: o casamento daria ao homem um senso de res ponsabilidade e apoio emo cional que o impulsionaria a batalhar mais pelo emprego.
Nem é preciso ser psicólogo. Basta um pouco de memória. O bom solteiro tende a desen volver uma saudável (muitas vezes saudosa) liberalidade orçamentária -especialmen te nas noites.

Por mais potentes que se jam as virtudes do matrimô nio no orçamento doméstico, os trabalhadores americanos, casados ou não, estão se bene ficiando, de fato, do mais im portante fenômeno social contemporâneo.
É um fato que esmagou tra dicionais cálculos dos agora aparvalhados economistas. Não se previa aqui que o país pudesse crescer por tanto tem po, e gerando tantos empre gos, sem aumentar a inflação. Neste ano, mais 2 milhões de novas vagas. Só no mês passa do foram 400 mil.
Ninguém sabe ao certo qual o limite.
Diziam que tecnologia eli mina emprego. Como então a sociedade mais avançada tec nologicamente apresenta tan tas boas notícias?

Há explicações para todos os gostos e chutes: baixas ta xas de juros, flexibilidade nos contratos de trabalho, novas tecnologias que favorecem au mento de produtividade sem pressionar inflação, desregu lamentação, conquista de mercados externos, competiti vidade da globalização.
É provável que cada fator tenha influência. Mas qual o exato peso de cada um desses fatores? Mais importante, quais as lições precisas para a realidade brasileira?
Poucas questões são tão re levantes hoje como entender se esse movimento é consis tente -se for, quais são os motivos.
No Brasil, o pior ainda não chegou.

PS- A verdade: pelo que leio dos economistas america nos e brasileiros, estão todos confusos, perplexos com a no vidade.


Gilberto Dimenstein escreve às quar tas-feiras e aos domingos
Fax: (001-212) 873-1045
E-mail:gdimen@aol.com



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