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AMÉRICA
Vantagens do casamento
GILBERTO DIMENSTEIN
Os números sobre desempre
go nos Estados Unidos trazem
poderoso argumento a favor
do casamento.
Virou improbabilidade esta
tística um homem casado fi
car na rua por mais de três
meses.
A média nacional já é baixa,
precisamente 4,6%. Quando
se analisam, porém, detalha
damente certas categorias, o
que é baixo transforma-se em
quase inexistente.
Apenas 2,3% dos homens
casados estão desempregados.
Desse total, um terço fica sem
salário apenas um mês; o res
tante aguarda, em média, três
meses até achar trabalho.
Explicação possível, com
partilhada por numerosos psi
cólogos e economistas respei
táveis como Gary Becker, de
Chicago: o casamento daria
ao homem um senso de res
ponsabilidade e apoio emo
cional que o impulsionaria a
batalhar mais pelo emprego.
Nem é preciso ser psicólogo.
Basta um pouco de memória.
O bom solteiro tende a desen
volver uma saudável (muitas
vezes saudosa) liberalidade
orçamentária -especialmen
te nas noites.
Por mais potentes que se
jam as virtudes do matrimô
nio no orçamento doméstico,
os trabalhadores americanos,
casados ou não, estão se bene
ficiando, de fato, do mais im
portante fenômeno social
contemporâneo.
É um fato que esmagou tra
dicionais cálculos dos agora
aparvalhados economistas.
Não se previa aqui que o país
pudesse crescer por tanto tem
po, e gerando tantos empre
gos, sem aumentar a inflação.
Neste ano, mais 2 milhões de
novas vagas. Só no mês passa
do foram 400 mil.
Ninguém sabe ao certo qual
o limite.
Diziam que tecnologia eli
mina emprego. Como então a
sociedade mais avançada tec
nologicamente apresenta tan
tas boas notícias?
Há explicações para todos
os gostos e chutes: baixas ta
xas de juros, flexibilidade nos
contratos de trabalho, novas
tecnologias que favorecem au
mento de produtividade sem
pressionar inflação, desregu
lamentação, conquista de
mercados externos, competiti
vidade da globalização.
É provável que cada fator
tenha influência. Mas qual o
exato peso de cada um desses
fatores? Mais importante,
quais as lições precisas para a
realidade brasileira?
Poucas questões são tão re
levantes hoje como entender
se esse movimento é consis
tente -se for, quais são os
motivos.
No Brasil, o pior ainda não
chegou.
PS- A verdade: pelo que
leio dos economistas america
nos e brasileiros, estão todos
confusos, perplexos com a no
vidade.
Gilberto Dimenstein escreve às quar
tas-feiras e aos domingos
Fax: (001-212) 873-1045
E-mail:gdimen@aol.com
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