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NAS CATACUMBAS
Regimes comunistas e alguns países islâmicos levam seguidores do cristianismo a praticar cultos escondidos
Cristãos se escondem para festejar Natal
MARCELO MUSA CAVALLARI
da Redação
Enquanto as cidades e casas de
cristãos brilham com os sinais ex
ternos do Natal, há países em que
os cristãos têm de se esconder para
festejar o nascimento de Jesus.
O cristianismo sempre valorizou
a idéia de martírio. O dia seguinte
ao do Natal é dia de santo Estêvão,
o primeiro mártir cristão, morto
pelos judeus no século 1º.
"A história chocante, e não con
tada de nosso tempo, é que mais
cristãos morreram neste século
simplesmente por serem cristãos
do que em todos os 19 séculos pre
cedentes", diz a norte-americana
Nina Shea, autora de "Na Cova
dos Leões", relato sobre persegui
ção a cristãos hoje.
Os focos de perseguição são regi
mes comunistas e alguns países is
lâmicos.
A Arábia Saudita -aliada dos
EUA no Oriente Médio- proíbe a
prática pública ou privada de qual
quer religião que não seja o Islã.
É proibido possuir símbolos ou
livros de outras religiões. A ordem
atingiu até mesmo os soldados
americanos que lutaram na Guerra
do Golfo em 1991.
Nos Emirados Árabes Unidos,
também do bloco moderado no
mundo islâmico, Robert Hussein
foi condenado à morte em 96 por
ter se convertido ao cristianismo.
Ele alegou que a Constituição do
país garante a liberdade religiosa.
"Mas essa liberdade brota dos en
sinamentos de Maomé. A Consti
tuição respeita o direito de que se
pratique a religião sem medo de vi
gilância, mas isso não significa que
um muçulmano tem o direito de
passar para outra religião", afirma
a sentença da Corte Suprema.
Ambos os países pertencem à
ONU. O artigo 18 da Declaração
Universal dos Direitos do Ho
mem, proclamada pelas Nações
Unidas em 1948, diz: "Todos têm
direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião; esse direito
inclui a liberdade de mudar de reli
gião ou crença, e a liberdade de
manifestar particular ou publica
mente sua religião ou crença".
A China só permite a prática em
instituições estatais responsáveis
por cada crença.
Assim, só a Associação Católica
Patriótica Chinesa pode celebrar
ritos, ensinar, etc. É uma institui
ção estatal, que não admite "a in
terferência" do Vaticano.
O governo chinês não dá núme
ros, mas muitos padres e fiéis cató
licos que se recusam a aderir à
igreja patriótica estão presos, con
denados por "subversão".
O maior exemplo é o do cardeal
Ignatius Pin Mei Kung. Ex-bispo
de Xangai, Kung ficou preso de
1955 a 85. Após mais dois anos em
prisão domiciliar, foi para os EUA.
Kung foi criado cardeal em 79,
mas a decisão do papa João Paulo
2º ficou em segredo até 91.
A Coréia do Norte adota a mes
ma estratégia que a China.
O Vietnã não proíbe a Igreja, mas
o estabelecimento de templos,
conventos e seminários depende
de autorização estatal. Há dezenas
de padres presos por subversão e
vários morreram na prisão.
Em Cuba, o governo comunista
decretou feriado no Natal pela pri
meira vez desde 69. O regime de
Fidel Castro tem aumentado a li
berdade religiosa em vista da visita
do papa, em janeiro.
O Paquistão não proíbe o catoli
cismo nem dificulta a atuação da
Igreja. No entanto, a Lei da Blasfê
mia tem prejudicado principal
mente cristãos.
Aprovada em 86, a lei pune, até
com a morte, quem "oralmente
ou por escrito, por alguma repre
sentação visual, por alguma impu
tação ou insinuação, direta ou in
diretamente manche o sagrado
nome do profeta" Maomé.
Como os cristãos não aceitam
Maomé como profeta, indireta
mente dizem que ele está mentin
do. Em 1995, Salamat Masih, um
cristão de 14 anos, foi condenado à
morte com base nessa lei.
Ele foi acusado de escrever con
tra Maomé na parede de uma mes
quita quando tinha 12 anos. Masih,
no entanto, era analfabeto. Por
pressão internacional, ele teve a
pena suspensa e vive na Alema
nha, por medo de ser morto.
Esse é o temor dos cristãos cop
tas, cerca de 10% da população
egípcia. Têm liberdade por parte
do Estado, mas enfrentam o ódio
dos extremistas muçulmanos.
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