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NATAL BIZARRO
Ele teria deixado o Oriente Médio e caminhado até o povoado de Shingo, onde viveu até os 106
Jesus Cristo morreu no Japão, diz lenda
DAVID McNEILL
DO "INDEPENDENT"
O povoado de Shingo fica numa região montanhosa recoberta de bosques, arrozais e plantações de macieiras, a seis horas de
carro de Tóquio. Conhecida por
seu sorvete de alho, Shingo não
parece um local provável para
ser sede do descanso eterno do
messias cristão.
Na versão bíblica, Jesus Cristo
foi crucificado no Calvário e, três
dias depois, renasceu dos mortos para redimir a humanidade
de seus pecados. Segundo a lenda vigente em Shingo, quem
morreu na cruz foi seu irmão
Isukuri. Cristo teria escapado
dos romanos, atravessado a Ásia
a pé, carregando a orelha decepada de seu irmão e um cacho
dos cabelos da Virgem Maria e
passado o resto de sua vida no
exílio nesta região nevada e isolada do norte do Japão.
Aqui, teria se casado com uma
japonesa chamada Miyuko, se
tornado pai de três filhas e morrido aos 106 anos. Duas cruzes
de madeira no povoado marcam
os túmulos dos irmãos da Galiléia, e um museu procura provar
que o homem que conhecemos
como Jesus era chamado na região de Daitenku Taro Jurai, um
plantador de alho.
Pode ser difícil imaginar que
um homem calçando sandálias
tenha conseguido sair do Oriente Médio e atravessar a Sibéria,
passando por Vladivostok, para
chegar a esse cantinho do mundo, mas os moradores de Shingo
dizem que Cristo já tinha prática
de longas caminhadas.
Uma placa ao lado do túmulo
diz: "Quando Cristo tinha 21
anos, Ele veio ao Japão para passar 12 anos em busca de conhecimentos de divindade". Após
mais de uma década de estudos
em algum lugar perto do monte
Fuji, fluente no japonês, Ele teria
retornado à Judéia, aos 33 anos.
Ali, porém, seus ensinamentos
teriam sido rejeitados, e ele teria
sido preso. Seu irmão teria tomado seu lugar na cruz, e Daitenku teria iniciado a caminhada de 16 mil quilômetros de volta
à terra onde estudara.
Os argumentos em favor do Jesus japonês são apresentados no
museu de Shingo, enriquecidos
pelos mitos locais. O museu diz
que o nome antigo do povoado,
Herai, soa mais hebraico do que
japonês e observa semelhanças
entre a cultura local e as canções
e línguas do Oriente Médio, incluindo o caso de um mantra
que é entoado há gerações em
Shingo e que, segundo o museu,
não tem semelhança com a língua japonesa e talvez seja uma
antiga charada hebraico-egípcia.
Moradores de Shingo dizem
que os bebês recém-nascidos
costumavam ser envoltos em
roupas bordadas com a estrela
de Davi. "Então ouvimos sobre
esses pergaminhos antigos que
diziam que Jesus veio para o Japão e juntamos os fatos", diz
Yoshiteru Ogasawara.
Os documentos, que teriam sido escritos em japonês arcaico,
foram descobertos em mãos de
um sacerdote xintoísta perto de
Tóquio, em 1935, e foram saudados como o último testamento
de Cristo, ditado quando ele estava às portas da morte, no povoado. Os originais foram destruídos durante a guerra, mas
uma cópia do pergaminho pode
ser vista dentro de um armário
de vidro no museu, para onde
foi levada por um historiador
nacionalista japonês.
Tradução de Clara Allain
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